Ministro de Bolsonaro diz que ‘ainda não é o momento’ para aproximação com Biden
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta quinta-feira (17) que “ainda não é…
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta quinta-feira (17) que “ainda não é o momento” para o governo brasileiro se aproximar da gestão do futuro presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O presidente Jair Bolsonaro foi o último líder mundial de destaque a reconhecer a vitória democrata, escanteando a relação entre Brasília e a futura Casa Branca: o Brasil só o fez na última terça, dia 15, quase seis semanas após a imprensa americana projetar Biden como vencedor, em 7 de novembro.
Questionado sobre os próximos passos para construir uma parceria com o democrata, o chanceler afirmou que reconhecer o resultado foi um primeiro passo, mas que seria “precário” realizar qualquer contato com a equipe de transição antes da posse.
— Ainda não tomou posse. Então, qualquer contato com uma equipe de transição sempre é mais ou menos precário. O que conta mesmo é a partir da tomada de posse — disse Araújo, que afirmou, porém, que o governo estará pronto para aproximação com Biden quando ele assumir a Presidência. — Vamos continuar conversando com o presidente se tivermos a oportunidade de mais algum contato até lá. Mas ainda não é realmente o momento de construção dessa linha da nova parceria, que a gente espera seja uma continuação muito boa da parceria que nós temos desenvolvido.
Na contramão do discurso do chanceler, no entanto, diversos países da região fizeram contato com o presidente eleito antes mesmo de Bolsonaro reconhecer sua vitória. Se em outra época Brasil, México e Colômbia eram prioritários, Biden deixou clara a mudança de foco. Seus primeiros telefonemas para líderes latino-americanos foram para o chefe de Estado da Argentina, o peronista Alberto Fernández; do Chile, o direitista Sebastián Piñera; e da Costa Rica, Carlos Alvarado Quesada, um líder de centro-esquerda de apenas 38 anos.
O brasileiro foi o penúltimo líder mundial a reconhecer a vitória de Biden, atrás apenas do norte-coreano Kim Jong-Un. Perguntando se a demora criaria alguma animosidade com o futuro governo democrata, Araújo negou que isso possa acontecer e afirmou que a espera é “plenamente normal”:
— É plenamente normal, porque os resultados que foram anunciados em novembros foram anunciados basicamente pela imprensa, com todo respeito à imprensa… Mas eles se tornaram oficiais com a votação no Colégio Eleitoral.
O republicano, que é aliado de Bolsonaro, alegou que houve fraudes na votação — narrativa que foi endossada pelo presidente brasileiro. No entanto, mais de 50 ações judiciais movidas por causa dessas alegações por Trump e seus aliados foram derubadas na Justiça, com a conclusão de que não houve nada que colocasse a lisura da eleição em xeque.
Sobre essas alegações, também adotadas por Bolsonaro, Araújo disse apenas que o governo acompanhou as notícias que questionavam a legitimidade da votação, “dando conta de fraudes sérias”. No entanto, reconheceu que os casos na Justiça concluíram o oposto.