Brasília

Ministro fala em faroeste digital e reclama de mentiras contra governo Lula

Fake news fomentada pela extrema direita cria cortina de fumaça, diz novo ministro da Secom

Sidônio Palmeira, novo ministro titular da Secom (Foto: Agência Brasil)
Sidônio Palmeira, novo ministro titular da Secom (Foto: Agência Brasil)

O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, falou nesta terça-feira em “faroeste digital” após mudanças na Meta e se queixou que a população não consegue ver as virtudes do governo Lula (PT).

A declaração foi feita durante discurso de posse, no Palácio do Planalto. Sidônio reclamou das mentiras contra o governo e afirmou que a comunicação é desafio para todos, não apenas a Secom.

“Medidas como anunciada pela Meta são ruins porque afrontam a soberania e criam faroeste digital”, disse, em referência às mudanças de política da empresa dona do Facebook e Instagram.

“A informação dos serviços não chega na ponta. A população não consegue ver o governo nas suas virtudes. A mentira nos ambientes digitais fomentada pela extrema-direita cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas inocentes e ameaça a humanidade”, completou.

Marqueteiro do petista na campanha eleitoral de 2022, Sidônio tomou posse nesta terça-feira (14).

Em sua fala, o ministro disse ainda lamentar que a o extremismo seja distorcido para “liberdade de manipulação”. Após o evento, falou com jornalistas no Planalto e, mais uma vez, criticou a decisão da Meta e demonstrou preocupação com a desinformação.

A nomeação de Sidônio foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União nesta terça.

Pimenta, em seu discurso de despedida, destacou seu perfil político — se classificou como “petista raiz”. Ele lembrou que conhece Lula desde os anos 1980, reforçou sua lealdade ao chefe do Executivo, inclusive em momentos “em que era difícil sair na rua com uma camisa do PT”.

O agora ex-ministro tem mandato de deputado federal e seu futuro ainda não foi definido por Lula.

Pimenta fez um paralelo de sua gestão com time de futebol e chamou para si responsabilidades da pasta.

“A gente sabe que o time é bom, mas resultado não está o que espera, presidente [do time] tem que dar satisfação para torcida e o primeiro que paga a conta é técnico. Sou técnico da Secom, e reconheço a vocês que sempre tive carta branca do presidente para trabalhar. As limitações da Secom devem ser creditadas a mim”, afirmou.

Como a Folha mostrou, ele chega ao Palácio do Planalto já como um dos principais conselheiros do presidente, ao lado dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).

Na opinião de aliados do presidente, a entrada de Sidônio altera a correlação de forças dentro do governo, representando um fortalecimento de Rui Costa na constante queda de braço que mantém contra Haddad, especialmente sobre a agenda econômica.

Aliados do presidente chegam a afirmar que a ala baiana do governo fica fortalecida com a nomeação do publicitário —Rui Costa foi governador do estado. Sua entrada é também interpretada por aliados de Lula como um passaporte para que o ministro da Casa Civil venha a vigorar como alternativa para a sucessão de Lula, seja em 2030 ou 2026.

Outros integrantes do governo ponderam, porém, que sua posse não será obra do núcleo baiano, mas da relação que construiu diretamente com o presidente. De qualquer forma, há uma sintonia direta com o chefe da Casa Civil.

O marqueteiro, segundo aliados, é conhecido por ser habilidoso no trato, mas sem evitar embates duros. Ele mostrou essa habilidade na campanha de 2022, quando driblou obstáculos interpostos por integrantes da equipe de Lula.

Uma das dificuldades enfrentadas foi a de não ter acesso às redes do candidato para divulgação de peças da campanha. As senhas ficavam sob responsabilidade de assessores de Lula.

Três anos depois, Sidônio obteve carta branca para demitir antigos assessores do presidente, como foi o caso do jornalista José Chrispiniano (secretário de Imprensa da Presidência e antigo auxiliar de Lula). Também sairá a secretária de Estratégias e Redes, Brunna Rosa.

Chrispiniano tinha confiança de Lula, a quem acompanha há mais de uma década. No governo, a aposta é que vá para uma estatal.

Brunna, por sua vez, trabalhou em outros governos petistas e se aproximou do presidente durante a campanha eleitoral. Além disso, tem a confiança da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Ela deverá ser incorporada à equipe da primeira-dama.

Em sua primeira entrevista após ser oficializado na Secom, o novo ministro deu o tom das mudanças, dizendo que quer ter boa relação com a imprensa e que o governo precisa melhorar na comunicação digital.

No lugar de Chrispiniano, entrará o jornalista Laércio Portela, atual secretário de Comunicação Institucional. Ele chegou a ser ministro da Secom, quando Paulo Pimenta assumiu a secretaria de reconstrução do Rio Grande do Sul.

Já para o cargo de Brunna, entrará Mariah Queiroz, que trabalha com as redes sociais do prefeito de Recife, João Campos (PSB).