Moro contribui mais se ficar fora da investigação, diz família de Marielle
Em nota, eles dizem que Moro sempre demonstrou pouco interesse com o episódio e só falou em federalização após menção ao presidente Jair Bolsonaro
A família de Marielle Franco defendeu neste sábado (2) que as investigações sobre o assassinato da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes permaneçam na esfera estadual. Na sexta (1), o ministro da Justiça, Sergio Moro, propôs a federalização do caso.
Em nota, eles dizem que Moro sempre demonstrou pouco interesse com o episódio e só falou em federalização após menção ao presidente Jair Bolsonaro. “Acreditamos que Sergio Moro contribuirá muito mais se ele permanecer afastado das investigações”, afirmaram os familiares.
A nota é assinada pelos pais de Marielle, Antônio Francisco da Silva e Marinete Silva, pela irmã, Anielle Franco, e pela viúva, Mônica Benício. O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), de quem Marielle foi assessora, também é signatário.
Em evento em Curitiba na sexta, Moro alegou que “considerando a demora de identificação dos mandantes e essas reiteradas tentativas de obstrução da Justiça, talvez seja o caso realmente de federalização”. A transferência das investigações foi defendida pela ex-procuradora geral da República, Raquel Dodge, antes de deixar o cargo.
“O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro obteve avanços importantes e, por isso, somos favoráveis a que a instituição permaneça responsável pela elucidação do caso”, contestam os familiares, na nota divulgada neste sábado.
Reportagem do Jornal Nacional de terça-feira (29) apontou que um porteiro (cujo nome não foi revelado) disse à Polícia Civil que, no dia do assassinato da vereadora, Élcio Queiroz, ex-policial militar suspeito de envolvimento no crime, afirmou na portaria do condomínio que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal.
A versão foi refutada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que afirmou que a versão apresentada no depoimento não corresponde aos fatos apurados durante a investigação.
Nesta quinta (31), a Folha mostrou que há problemas na perícia encomendada pela Promotoria.
Na sexta, a promotora Carmen Carvalho decidiu se afastar das investigações após repercussão negativa de fotos de Carvalho apoio Bolsonaro e ao lado do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), que quebrou a placa em homenagem à vereadora assassinada.
A Folha de S.Paulo apurou que a viúva e a irmã de Marielle respectivamente, eram contra a permanência de Carvalho no caso. A promotora, contudo, recebeu o apoio dos pais da vereadora e da viúva de Anderson Gomes, Agatha Arnaus Reis.