Mourão diz falta de orientação à população na pandemia foi o maior erro do governo
O vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta terça-feira (22) em entrevista à GloboNews que o…
O vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta terça-feira (22) em entrevista à GloboNews que o governo Bolsonaro errou ao não realizar uma campanha de comunicação firme para orientar a população desde o início da pandemia da Covid-19.
“Esse foi o grande erro”, afirmou. Ele citou campanhas de vacinação realizadas em outras épocas e disse que a população deveria ter sido orientada sobre a realidade da doença. “Isso teria sido um trabalho eficiente do nosso governo.”
O Brasil registrou 2.080 mortes por Covid-19 e 86.833 casos da doença, nesta terça-feira. Com isso, o país chega a 504.897 óbitos pela doença e a 18.056.639 pessoas contaminadas pelo Sars-CoV-2.
Apesar de lembrar que a conversa foi entre os dois e que não é ético revelar o teor, o vice-presidente afirmou que Pazuello deveria ter compreendido sua função política.
“Ele já tinha atingido o patamar mais elevado no Exército e era hora de passar para a reserva. Ele teria mais liberdade de manobra para trabalhar”, disse.
Mourão pediu para que seja compreendido que “Pazuello não é o Exército nem o Exército é o Pazuello, apesar dele ser um militar”.
Na análise dele, o fato de o general ter sido ministro da Saúde não significa uma intervenção do Exército no órgão. Ele comparou a situação à intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro, em 2018.
“O Exército não foi escalado para controlar o Ministério da Saúde. O presidente escolheu o Pazuello, que casualmente levou 10, 12 doze militares para trabalhar com ele”, disse.
Para o vice-presidente, isso é diferente da intervenção no Rio, quando o então presidente Michel Temer (PMDB) designou o Exército para intervir na segurança pública.
Durante a entrevista, Mourão tentou ser compreensivo com os acessos de fúria de Bolsonaro, dizendo que o presidente é o homem mais criticado na história do país e, às vezes, fica irritado por isso.
“Ele passou a sofrer críticas desde o dia menos um. Às vezes, é aquela história, o camarada se irrita. Tem dias em que a pessoa se irrita.”
Mourão admitiu que não foi procurado pelo presidente para uma conversa sobre reeleição e vê como motivo para a relação distante deles a desconfiança de que esteja se preparando para ocupar o lugar de Bolsonaro, o que nega.
Para Mourão, é normal ter ideias próprias e defendê-las, mesmo que depois seja voto vencido.
Segundo ele, na vida militar os processos decisórios sempre são debatidos até chegar a uma definição que depois será defendida por todos. “Sempre trabalhei dessa forma”, afirmou. “A gente podia melhorar o nosso relacionamento em cima disso aí. Entender que eu não estou a fim do cargo dele.”
O vice garantiu que o seu plano é chegar até o dia 31 de dezembro de 2022 como vice-presidente de Bolsonaro. Sobre o futuro político, disse que no momento está em cima do muro.
“Estou PSDB”, brincou. “Estou aguardando, dando tempo ao tempo”. Caso decida disputar a próxima eleição, o mais provável é que concorra ao Senado pelo Rio Grande do Sul, seu estado natal.
O vice afirmou também que a sua principal lealdade é à Constituição brasileira.
“Prestei um juramento quando fui empossado. Mas eu não vejo hoje, apesar de todas as turbulências, que em algum momento o nosso governo e em particular a pessoa do presidente Bolsonaro tenha atravessado aquele rubicão, aquela linha-limite de alguma atitude que seja prejudicial à nação como um todo”.
Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão evitou ampliar as divergências com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que faltou a uma reunião marcada para o dia 26 de maio e não enviou representante. Na ocasião, o vice definiu o gesto como “falta de educação”.
Para Mourão, “trabalhar com pessoas não é simples”. Segundo ele, “o bicho homem é complicado”. Ele destacou que sua função no conselho é criar sinergia e cooperação.
“Se todos os atores que estão envolvidos com o conselho não cooperarem, a gente não adquire sinergia. Compete a mim fazer aquele trabalho de convencimento, chamar as pessoas, dizer vamos lá, vamos fazer o que tem que ser feito. Não é simples”.
Ele defendeu a ocupação da Amazônia pelo Estado como forma de solucionar o desequilíbrio na distribuição espacial da região e combater as ilegalidades.