MP encontra material de campanha de Caiado em gráfica clandestina de Jesúpolis
O material ainda não contabilizado foi apreendido; segundo promotor, prática caracteriza propaganda extemporânea e utilizava recursos de Caixa 2. Correligionário do Senador está envolvido
Na quinta-feira (5), o Ministério Público estadual descobriu uma gráfica clandestina na cidade de Jesúpolis, nas imediações de Jaraguá, a qual era utilizada para impressão de materiais ilícitos de campanha do senador e pré-candidato ao governo Ronaldo Caiado e do correligionário Guilherme Fayad, que pretende disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. Os materiais, ainda não quantificados, foram apreendidos. Uma pessoa que trabalhava foi presa, mas foi liberada na sequência.
O galpão, com cerca de 1.000 m², foi cedido – há seis meses – pela prefeitura à Fayad e seu associado Semigildrão Filho, por meio de comodato, para abrigar uma fábrica de calçados. No entanto, de acordo com o promotor Everaldo Sebastião de Sousa, responsável pela ação, uma denúncia recebida por ele na última semana chamou atenção. Segundo ele, a dupla chegou a fazer uma festa de lançamento da fábrica, mas esta nunca funcionou. Veja as foto:
“Os materiais apócrifos apreendidos em vários locais, no próprio distrito, em Jaraguá e até em Trindade, estariam sendo produzidos naquele galpão. Entrei em contato com o prefeito, que me explicou a concessão e solicitei que a prefeitura fosse fazer uma vistoria, que comprovou os termos da denúncia. Lá, encontramos uma gráfica completa, capaz até de imprimir jornais”. Nos materiais apreendidos haviam fotos de Caiado e Fayad juntos.
Para o promotor, trata-se de uma descoberta grave que confirma a existência de campanha extemporânea. “Campanhas com propaganda política só estão autorizadas a partir do dia 16 de agosto. Como se trata de um ilícito, é um material não contabilizado, pago com recursos de caixa dois. Campanhas regulares exigem registro, conta bancária, CNPJ, cadastro de prestação de contas. Não é o caso”.
Segundo ele, embora não exista um crime específico para a prática de Caixa 2, a produção do material pode repercutir em outras ações. “Os envolvidos poderão responder por falsidade ideológica, formação de quadrilha, sonegação fiscal, crime contra o sistema financeiro entre outros. Para nós, a participação de Fayad, pelo contrato com a prefeitura, já está confirmada. O envolvimento de Caiado será apurado pelo procurador eleitoral e para a Polícia Federal, para os quais repassaremos o material obtido”.
A assessoria de imprensa do senador Ronaldo Caiado afirma que o pré-candidato “não possui qualquer gráfica, não tem conhecimento deste material e reitera que sua pré-campanha tem sido orientada pela assessoria jurídica e atua dentro das normas legais e da transparência de suas ações”. O Mais Goiás tentou obter contatos de Guilherme Fayad, mas não obteve êxito.