CORRUPÇÃO

MP-RJ analisa novo relatório do Coaf envolvendo Flávio Bolsonaro

O Ministério Público do Rio de Janeiro analisa um novo relatório produzido pelo Coaf (Conselho…

O Ministério Público do Rio de Janeiro analisa um novo relatório produzido pelo Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

O documento descreve movimentações financeiras consideradas atípicas do policial militar Diego Ambrósio, sua ex-mulher e de outras pessoas ligadas ao filho do presidente Jair Bolsonaro. O PM foi alvo de investigação do caso da “rachadinha”, mas não foi acusado na denúncia oferecida no fim do ano passado contra o senador e seus ex-assessores.

Ambrósio foi alvo de busca e apreensão na operação do MP-RJ em dezembro de 2019 que mirou Flávio e seus ex-assessores.

O PM fez seis transferências para a conta da loja de chocolate do senador entre 2015 e 2018. Ele também quitou um boleto de R$ 16,5 mil em nome de Fernanda, esposa de Flávio Bolsonaro, referente a uma prestação de imóvel adquirido pelo senador.

O policial também fez transferências a dois ex-assessores do senador em seu antigo gabinete na Assembleia.

Este é o sexto RIF (relatório de inteligência financeira) em poder do MP-RJ envolvendo o filho do presidente Jair Bolsonaro. Cinco integram a investigação do caso da “rachadinha”, que levou à denúncia contra Flávio e seus ex-assessores no Órgão Especial do Tribunal de Justiça.

Embora com informações limitadas, os relatórios do Coaf podem ser usados como uma forma de refazer a investigação do caso da “rachadinha” após a anulação das quebras de sigilo bancário e fiscal pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O MP-RJ conseguiu manter a tramitação da denúncia no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro mesmo após a decisão do STJ. A defesa do senador e dos demais acusados foram notificadas para apresentar defesa prévia à acusação.

A defesa do senador afirmou que não pode comentar o teor do relatório “porque desconhece a existência de tal documento”. O PM afirmou que não pode se manifestar “sobre algo que não faz a mínima ideia do que seja”.

O Ministério Público disse, em nota, que “não se pronuncia sobre processos e investigações cobertos pelo segredo de justiça”.

O relatório de inteligência financeira (RIF), cujas três páginas estão sob sigilo, foi enviado pelo Coaf à Promotoria Eleitoral, que não vislumbrou crime nesta área e o enviou para uma promotoria de investigação penal.

De lá, ela foi enviada ao gabinete do procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos.

Em junho, o gabinete de Mattos afirmou que o relatório é de sua atribuição, já que as movimentações financeiras ocorreram quando Flávio era deputado estadual. Decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro definiu que é do procurador-geral a responsabilidade de analisar casos deste período.

Um relatório de seis páginas já foi elaborado pela Divisão de Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro sobre o documento.

Ambrósio disse na ocasião em que foi alvo de busca e apreensão na operação do MP-RJ que os pagamentos para a empresa de Flávio se referem a gastos com panetones. Ele afirmou que distribui o produto a clientes, fornecedores e colaboradores de sua empresa de segurança.

Em relação ao boleto da mulher de Flávio, o PM afirma que se ofereceu para pagar a conta durante uma festa em que estava com o senador. Segundo a versão, Flávio notou que havia esquecido de quitar a despesa e ele se prontificou a pagar pelo aplicativo de celular.

“Não lembro se era um problema de rede ou se ele teria mesmo que ir ao banco, mas me ofereci para pagar [pelo aplicativo]”, disse o PM há dois anos. De acordo com Ambrósio, Flávio quitou a dívida com dinheiro vivo.

O PM também aparecia num outro relatório do Coaf enviado ao Ministério Público Federal que apontava movimentações atípicas em sua conta bancária, com quantias em espécie.

Defesa de Flávio

Em nota, a defesa do senador afirmou que “não tem informações sobre um suposto relatório ou movimentações atípicas envolvendo Diego Sodré de Castro Ambrósio”.

“Informações como essa, na véspera de um ano eleitoral, e que podem levar a ilações fantasiosas, beiram a irresponsabilidade e parecem, no mínimo, mal intencionadas. A defesa do parlamentar fica impedida de comentar porque desconhece a existência de tal documento e vai acionar o Ministério Público para ter acesso ao teor desse suposto relatório”, diz a nota.

O PM afirmou, em nota, que “não pode se manifestar sobre algo que não faz a mínima ideia do que seja”.

“Ele e sua agora ex-esposa sempre agiram com lisura e logo que saibam do que se trata vão prestar todos os esclarecimentos às autoridades”, afirma o PM.