MPE cumpre mandados de busca na casa de dono de instituto de pesquisa
Empresa teria feito 349 pesquisas sem cobrar por elas. Apurações também não foram devidamente registradas
O Ministério Público Eleitoral (MPE) realizou, na manhã desta quarta-feira (11), busca e apreensão no imóvel em que o proprietário do Ipop – Cidades & Negócios, Márcio Rogério Pereira Gomes, estava residindo, no Setor Jardim Atlântico, em Goiânia. O objetivo da investigação é desarticular grupo suspeito de produzir e divulgar pesquisas eleitorais fraudulentas em todo o estado de Goiás nas eleições municipais de 2020.
Investigações realizadas pelo MP identificaram que a empresa Ipop – Cidades & Negócios produziu e divulgou 349 pesquisas suspeitas em 191 dos 246 municípios goianos desde a sua criação em fevereiro deste ano. O número representa, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a maior quantidade de pesquisas realizadas nestas eleições em todo o país.
O MPE descobriu que Márcio Rogério produziu pesquisas que não refletem a realidade das intenções de voto dos eleitores, com desobediência dos requisitos exigidos na legislação eleitoral, em bairros inexistentes e com oferta criminosa de manipulação de dados em favor de candidatos.
Investigações
As investigações ainda levantaram que o instituto simulava realizar levantamentos com recursos próprios, num esquema “filantrópico”. Isso porque cada pesquisa tinha custo aproximado de R$ 2 mil, o que teria rendido ao instituto um gasto total de R$ 700 mil.
A quantia, segundo o MP, é incompatível com o capital social de R$ 150 mil declarado à Junta Comercial de Goiás (Juceg) pelo Ipop.
“É legítimo que um candidato contrate pesquisas. No entanto, é preciso que sejam divulgadas as informações com o nome do candidato, método e notas fiscais. Em nenhuma das realizadas pela IPOP consta nomes de candidatos como contratantes. Ela agia como se fosse uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos”, apontou o promotor Douglas Chegury, responsável pelas apurações, na semana passada.