Investigação

MPF pede informações sobre jovem nomeado no Trabalho e planeja abrir investigação

Ministério terá que fornecer cópias dos registros das funções desempenhadas pelo jovem  assim como de autorizações ou pagamentos feitos a fornecedores da pasta

O Ministério Público Federal (MPF) enviou ofício ao Ministério do Trabalho para que a pasta forneça cópias dos registros das funções desempenhadas pelo jovem Mikael Tavares Medeiros, de 19 anos, assim como de autorizações ou pagamentos feitos a fornecedores do ministério. O ofício foi enviado, na quinta-feira, pela Procuradoria da República no Distrito Federal, que planeja abrir um procedimento de investigação para apurar o caso. O ministério tem dez dias para responder ao pedido do MPF.

 Reportagem do GLOBO revelou que Mikael — que tinha acabado de concluir o ensino médio, entrar na universidade e se afastado do trabalho de vendedor de óculos numa loja — foi nomeado para o cargo de coordenador de documentação e informação da pasta, em outubro de 2017, apadrinhado pelo PTB, mais especificamente pelo líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO). Em 28 de dezembro, o jovem foi colocado na função de gestor financeiro dos atos de pagamentos de contratos na ordem de R$ 473 milhões por ano. No mesmo dia, à tarde, ele emitiu notas de pagamento no valor de R$ 27 milhões para a empresa B2T, cujos contratos foram superfaturados, segundo auditoria do Ministério da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU).

Depois da revelação da história, o ministro interino do Trabalho, Helton Yomura, demitiu Mikael do cargo. O jovem é filho do presidente do PTB em Planaltina de Goiás, o delegado da Polícia Civil Cristiomario de Sousa Medeiros. Ele é aliado de Jovair e pré-candidato a deputado estadual em Goiás.

Agora, o caso deve ser investigado pelo MPF no DF. A partir de uma notícia de fato que chegou à Procuradoria da República, de forma anônima, o MPF oficiou a pasta pedindo cópia dos assentamentos funcionais de Mikael no órgão. Esses assentamentos são registros da vida funcional do servidor, com registros de eventuais elogios ou sanções, por exemplo. O MPF também pediu cópia de todos os procedimentos administrativos em que o jovem atuou na coordenação de documentação e informação, assim como de autorizações ou pagamentos a fornecedores do ministério.

Além da auditoria da CGU, os contratos com a B2T para o desenvolvimento de atividades de combate a fraudes no seguro-desemprego – que somam R$ 76,7 milhões – são investigados pela Polícia Federal (PF) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Agora, o caso que envolve a nomeação de Mikael deve ser investigado pelo MPF.