“Não há diferença entre os projetos do MDB, DEM ou PSDB para Goiás”, diz Kátia Maria

Primeira mulher presidente estadual do Partido dos Trabalhadores e segunda pré-candidata da sigla ao Governo de Goiás na história da legenda no Estado, a pedagoga e mestre em Geografia, Kátia Maria, falou a reportagem do Mais Goiás na manhã desta quarta-feira (9) na sede do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde do Estado de Goiás (SindSaúde/GO), onde se reuniu com a direção para “levantar dados que contraponham aquilo que o Governo de Goiás tem apresentado sobre a Saúde no Estado”.

Para viabilizar seu projeto de chegar ao Palácio das Esmeraldas em janeiro de 2019, Kátia Maria revela a articulação de uma aliança com os partidos de esquerda no Estado. O principal deles é o PC do B, que é presidido pela deputada estadual Isaura Lemos, com quem a petista diz ter conversas avançadas para a formação de uma chapa para o pleito de outubro.

A pré-candidata ao governo garante que o PT terá candidatura própria em Goiás, mas afirma que tem conversado com outros partidos de esquerda para a composição da chapa. “O ideal seria uma composição como a que está sendo proposta a nível nacional com a Frente de Esquerda que é composta pelo PT, PC do B, PSB, PDT, Psol e o PCO. Entretanto, em Goiás temos o PSB e o PDT que estão na base aliada do governo do PSDB e estamos tendo uma dificuldade maior de diálogo com esses partidos por conta dos interesses de seus integrantes”, frisa a petista.

As conversas com o PCdoB,  no entanto, estão avançadas, diz Kátia. A ideia é formar uma chapa de deputados estaduais e federais, com uma possível indicação de um vice e/ou um candidato ao Senado Federal pelo partido. “Contudo não temos ainda a definição desses nomes, é algo a ser definido nos próximos dias.”

A presidente petista em Goiás avalia as pretensões políticas dos três principais partidos políticos que postulam a vaga do governo estadual nas eleições deste ano.“Para nós não há diferença entre os projetos do MDB, DEM ou PSDB para Goiás e todos eles estão articulados com suas cúpulas nacionais na defesa da Reforma Trabalhista, PEC do Teto (que congela os investimentos da União por 20 anos). A plataforma deles é a mesma, pois eles disputam o espaço de poder e nós disputamos um projeto de sociedade. Por isso, uma das nossas ações é estruturar diretórios em todos os municípios do Estado para termos palanque para nossa candidatura e a do ex-presidente Lula também.”

Sobre a plataforma de campanha, a líder petista explica que apresentará ao eleitor propostas voltadas para a Saúde e Segurança Pública. “Estamos promovendo um estudo sobre as demandas do Estado de Goiás desde novembro do ano passado. A visita ao SindSaúde é para fazer um contraponto aos dados oficiais do Governo sobre a saúde do nosso estado. Iremos visitar outros sindicatos e órgãos que representam a população para ouvir suas demandas para as áreas da Saúde, Educação, Segurança Pública entre outras áreas, afim de levantar dados estatísticos para formularmos nossas propostas políticas. Fizemos 27 encontros regionais desde o ano passado onde discutimos o Goiás e o Brasil que queremos e pretendemos dar resposta a esses anseios nas Eleições deste ano”.

A mandatária da agremiação de esquerda também falou sobre sua visão acerca da situação da Saúde do Estado. “O momento político e administrativo de Goiás é delicado onde vemos crises na Saúde e na Segurança Pública no qual precisamos apontar soluções imediatas. Não podemos ficar no jogo de empurra entre as instituições enquanto o cidadão sofre os impactos dessa ineficiência e ingerência do Estado”, criticou a petista.

Kátia também é contra a gestão das Organizações Socais em órgãos públicos. Ela também acredita ser que a estratégia do governo entregar a regulação e gerência da distribuição das vagas para uma OS é equivocada. “As OSs já diminuíram os números dos atendimentos, aumentou o custo da saúde e agora é ela quem vai dizer, quantos e onde serão atendidos? É como se você estivesse colocando a raposa para vigiar o galinheiro. A população precisa entender o que são as OSs e não quero aqui nem questionar a qualidade do serviço, pois quando precisei fui bem atendida no HUGO.”

PT em Goiás

Com diretórios estruturados em 230 dos 246 municípios goianos e com uma média de 30 mil filiados, Kátia Maria explica que a meta do partido é chegar a todas as cidades de Goiás antes do período eleitoral deste ano.

“Fizemos um trabalho de organização do partido desde que assumi o comando da sigla no segundo semestre do ano passado. Nosso objetivo é estar com a nossa militância organizada antes do período eleitoral deste ano para fazer a defesa da classe trabalhadora, resistência ao golpe e no preparo para as eleições, que enxergamos como a saída para o golpe e a retomada para a democracia no nosso país.”

A respeitoda prisão do ex-presidente Lula e a batalha travada entre a direita e a esquerda na política brasileira, a presidente destacou que a perseguição ao ex-presidente só tem fortalecido a militância do partido em todo o país.

“A estratégia da direita está equivocada, quanto mais eles perseguem o Lula e o PT, mais a população compreende que é necessário se envolver com a política para defendê-los. Após a prisão do ex-presidente Lula, já recebemos mais de 200 novos pedidos de filiação no partido. São professores universitários, trabalhadores rurais e urbanos que se colocaram à disposição da nossa militância contra as reformas aprovadas em tramitação no Congresso Nacional.”

Para a presidente Kátia Maria a candidatura de Lula em Goiás receberá apoio integral de todos os diretórios municipais da sigla. “A candidatura de Lula é a nossa prioridade máxima. Percorremos todos os municípios do Estado e existe um clamor popular para a volta do nosso projeto popular democrático que distribuiu renda, emprego e educação para as pessoas mais carentes da sociedade brasileira. O clamor do povo é volta de Lula a presidência e no dia 15 de agosto o PT vai garantir o registro de sua candidatura para isso. Mas se a direta articuladora do golpe insistir em sua prisão, iremos persistir com sua candidatura mesmo com ele preso.”

Representatividade

Sobre o protagonismo feminino na sigla, a presidente lembrou que o PT , em seu estatuto, preconiza a participação das mulheres e minorias na formatação dos seus quadros e chapas eletivas. “Para mim é motivo de orgulho presidir o PT em Goiás em um período em que temos uma presidente nacional no partido (Senadora Gleisi Hoffmann PT/PR), e na região metropolitana divido essa responsabilidade com as companheiras a deputada Adriana Accorsi (PT Goiânia), Priscila Montovani (PT Aparecida de Goiânia) e a professora Eva Márcia, que preside o PT em Senador Canedo que é a minha cidade, fora as companheiras  que militam em todo o Estado.”

Kátia destacou também que a participação feminina e de minorias é algo que faz parte da história nacional do PT. “Sempre estivemos na vanguarda da participação das mulheres em nosso partido. Nosso estatuto estabelece uma cota de participação de 30% para mulheres nas chapas proporcionais. Avançamos ainda mais nisso há seis anos e estamos no patamar de paridade, ou seja, todas as direções do PT (municipais, regionais e nacional) são compostas por 50% mulheres e 50% de homens.”

A presidente destacou ainda que o partido prioriza a participação da juventude e dos negros para ampliar a representatividade em seus quadros. “Temos também uma política inclusiva que determina a participação deste total de 20% de negros e 20% de pessoas jovens, o que reflete nosso compromisso com a representação mais plural da sociedade em que vivemos.”

Perfil

Primeira mulher a assumir a presidência do PT em Goiás, Kátia Maria integra os quadros da agremiação desde 2003. Ela já presidiu a sigla em Senador Canedo e desde 2007 ela faz parte da Executiva Estadual como secretária de Comunicação do partido.

Em 2010, ela coordenou a campanha na internet da ex-presidente Dilma Rousseff em Goiás. Nas eleições de 2016, Kátia postulou o cargo de vice-prefeita de Senador Canedo na chapa encabeçada pelo então candidato a prefeito, o médico Alsueres (PR). A dupla recebeu 4.543 votos e ocuparam a terceira posição no pleito.