Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina, é escanteada pelo governo
Médica chegou a trabalhar como conselheira em um posto informal
Antes conselheira informal do gabinete de crise de Jair Bolsonaro, a imunologista Nise Hitomi Yamaguchi, defensora do uso de cloroquina em pacientes com o novo coronavírus, foi escanteada pelo governo federal no último mês. Ela tem dito a pessoas próximas que não é mais ouvida pelo Palácio do Planalto ou pelo Ministério da Saúde.
Nise foi convidada por Jair Bolsonaro a integrar o comitê de crise ainda na gestão de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde e chegou a ser cotada como ministra quando ele pediu demissão. Em abril e maio, esteve em diversas agendas com ministros, mas em junho, perdeu espaço. Só esteve duas vezes com o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello.
Até o momento, evidências científicas mostram que o uso da cloroquina não tem efeito sobre pacientes de coronavírus. Mesmo sem uma comprovação da eficácia do remédio, porém, o Ministério da Saúde mantém a orientação de que o remédio deve ser usado em casos leves, desde que observada a dosagem.
Hospitais têm descartado a cloroquina no tratamento do coronavírus. O Hospital Albert Einstein, por exemplo, recomenda que médicos não receitem a substância no tratamento do Covid. A recomendação ocorreu após a agência norte-americana que regula alimentos e medicamentos, o FDA, ter revogado a autorização do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19.
Com a perda do protagonismo da medicação no tratamento do coronavírus Nise agora tem passado mais tempo em São Paulo, onde tem consultório. Procurada pelo jornal O Globo, a médica nega que tenha havido qualquer estranhamento entre ela e o governo federal, mas reconhece que agora está trabalhando mais diretamente com o governo de São Paulo.
— Eu sou uma consultora científica independente, o que eu faço é um trabalho de levantamento da literatura, trabalho com as sociedades médicas. Então nunca existiu um vínculo formal.
- Da agência O Globo.