No Senado, Moro fala em sensacionalismo e que não tem o que esconder
Reportagens do site The Intercept Brasil revelaram mensagens em que Moro e o procurador Deltan Dallagnol trocavam informações sobre ações da Lava Jato e sugerem que o ex-juiz pode ter interferido na atuação da Procuradoria, o que é proibido pela Constituição
O ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, abriu sua fala na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, nesta quarta-feira (19), afirmando não ter o que esconder e querer “esclarecer muito em torno desse sensacionalismo” em relação às mensagens vazadas e atribuídas a ele, quando juiz federal, e a integrantes da Operação Lava Jato.
“De fato, me coloquei à disposição para prestar esclarecimentos. Evidentemente, não tenho nada que esconder”, declarou.
“A ideia foi vir aqui espontaneamente esclarecer muito em torno desse sensacionalismo que está sendo criado em cima dessas notícias. Tenho apenas a agradecer aqui essa oportunidade”, afirmou.
Reportagens do site The Intercept Brasil revelaram mensagens em que Moro e o procurador Deltan Dallagnol trocavam informações sobre ações da Lava Jato e sugerem que o ex-juiz pode ter interferido na atuação da Procuradoria, o que é proibido pela Constituição.
Na época dos diálogos, Moro era juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos ligados à operação.
Aos senadores, Moro afirmou ter sido usuário o Telegram por um “determinado período em 2017”, mas relatou ter excluído o aplicativo de mensagens depois que a imprensa norte-americana noticiou possíveis invasões hackers no decorrer da campanha presidencial nos Estados Unidos, vencida por Donald Trump no ano anterior.
Por esse motivo, segundo ele, não há como confirmar a autenticidade dos diálogos vazados, já que ele não teria o histórico.
“Não tenho essas mensagens para confirmar se é autêntico ou não.” Além de colocar em dúvida a veracidade das mensagens vazadas, Moro reafirmou que há trechos que podem ter sido “total ou parcialmente alterados”.
“Algumas coisas eu posso ter dito e outras me causam estranheza”, completou. Moro também relembrou o que é a Operação Lava Jato e ações realizadas pela força-tarefa e defendendo ter sempre agido de acordo com a Lei.
Para negar que tenha havido decisões ou medidas combinadas com demais integrantes da Lava Jato, citou que o Ministério Público recorreu da maioria das condenações impostas por ele. “O MP recorreu de 44 dessas 45 condenações. Falou-se muito em conluio aqui. É um indicativo claro que não existe conluio nenhum”, disse.
Desde o vazamento das mensagens, Moro já adotou três estratégias para se referir ao caso. Ele já tratou os diálogos como “conversa normal”, “descuido” e já se negou a atestar a veracidade dos diálogos divulgados. Moro driblou a imprensa na chegada à CCJ e entrou pelo gabinete do senador Lasier Martins (Podemos-RS), subindo direto à sala de espera da comissão e evitando o corredor principal. Ele entrou no plenário às 9h12.
Com a sala lotada, a segurança da Casa endureceu o controle de acesso e, diferentemente do que costuma ocorrer nas comissões, proibiu a instalação de tripés dos cinegrafistas. Apenas o equipamento da emissora oficial foi permitido.
Em mais uma reportagem do site The Intercept Brasil publicada na terça-feira (18), Moro sugere melindre em caso que cita FHC.