Fundação Palmares

Nomeado para Fundação Palmares diz que órgão não deve dar suporte ao Dia da Consciência Negra

Na semana passada, a nomeação do jornalista foi suspensa pelo juiz Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará

"Chora, negrada vitimista", diz Camargo ao deixar Palmares por disputa à Câmara (Foto: Reprodução)

Nomeado para o comando da Fundação Palmares, o jornalista Sérgio Camargo defendeu nesta terça-feira (10) o fim do Dia da Consciência Negra e disse que o órgão federal responsável por promover a cultura de matriz africana no país não apoiará a data comemorativa.

Na semana passada, a nomeação do jornalista foi suspensa pelo juiz Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará. Nesta segunda-feira (9) a AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu da decisão. Ele havia sido nomeado para o posto no final de novembro pelo secretário especial da Cultura, Roberto Alvim.

“Claro que tem que acabar o Dia da Consciência Negra, que é uma data que a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentimento racial. Isso não é data do negro brasileiro, mas das minorias empoderadas pela esquerda que propagam ódio, ressentimento e divisão racial.

No que depender de mim, a Fundação Palmares não dará suporte algum a essa data”, disse.

No último dia 20 de novembro, o Palácio do Planalto não marcou nenhuma cerimônia para celebrar a data e o presidente Jair Bolsonaro também não se manifestou sobre o dia nas redes sociais, diferentemente do que fez, por exemplo, no Dia da Bandeira e no Dia Internacional da Mulher.

Após audiência com Bolsonaro, no Palácio do Planalto, Camargo defendeu que seja revalorizado no país o 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura. Na opinião dele, o racismo é circunstancial, não estrutural, e capitaneado sobretudo por movimentos de esquerda. Ele disse que nunca negou a existência do racismo no Brasil.

“Nós vamos revalorizar o dia 13 de maio e o papel da princesa Isabel na libertação dos negros”, afirmou. “Hoje, o pior racismo é o racismo da esquerda, das milhares de pessoas que nas redes sociais estão me chamando de capitão do mato, uma injúria racial que deve ser levado à Justiça no momento certo. São pessoas racistas e militantes da esquerda que me chamam de capitão do mato. Esses, sim, piores racistas no Brasil”, acrescentou.

Antes de ser nomeado para o posto, o jornalista afirmou em suas redes sociais que o Brasil tem “racismo nutella” e que o “racismo real” existe nos Estados Unidos. Ele também escreveu que a escravidão foi terrível, “mas benéfica para os descendentes”. Na sequência, disse que “negros do Brasil vivem melhor que os negros da África”.

“Eu nunca neguei a existência do racismo no Brasil. Isso é uma deturpação das minhas postagens em redes sociais. Eu afirmo que há racismo. O racismo, porém, não é estrutural segundo a tese da esquerda. Ele é circunstancial”, disse.

Camargo afirmou ainda que está confiante de que a sua nomeação seja restituída e chamou a decisão judicial de “absurda” e “política”.

Também presente na audiência com Bolsonaro, Alvim disse que o jornalista é um “intelectual” e ressaltou que tem “extremo respeito por ele”. Ele ressaltou ainda que o presidente está “muito tranquilo” com as indicações feitas por ele para secretarias e fundações.

“Não houve nenhuma cobrança em relação às críticas. As críticas, no meu ponto de vista, não procedem em absoluto. O que nós estamos fazendo é criando uma equipe muito forte para promover um renascimento da cultura e da arte no Brasil”, afirmou.

Para ele, há um diferença na forma como a direita e a esquerda encaram a produção artística. Ele ressaltou que tem trabalhado para evitar a divulgação de propaganda política em filmes e peças.

“Um governo de esquerda patrocina propaganda ideológica. Um governo de direita patrocina obras de arte. Então, nós estamos lutando pelo renascimento do conceito de obra de arte, não por um veículo de propaganda ideológica”, ressaltou.

Alvim ganhou a simpatia de Bolsonaro ao ter criticado Fernanda Montenegro. Ele usou as redes sociais em setembro para atacar a atriz, após ela ter posado para a capa da revista Quatro Cinco Um. Na época, ele disse sentir “desprezo” por ela e a acusou de ser “mentirosa”. Na publicação, ela aparecia vestida de bruxa em uma simulação de uma fogueira de livros.

Perguntado nesta terça-feira (10), Alvim disse, no entanto, que financiaria uma produção artística com a participação da atriz.