Justificativa

Número 38 de partido vem de 38º presidente, e não de arma, diz Bolsonaro

Segundo ele, o grupo tinha poucas opções disponíveis e, dentre elas, 38 "é o mais fácil de gravar". Ele reforça que associação a calibre de armamentos pode acontecer nos casos do PDT e do PSDB

O presidente Jair Bolsonaro acena para o público que aguardava do lado de fora após o evento de lançamento do partido Aliança pelo Brasil, no hotel Royal Tulip (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

O presidente Jair Bolsonaro negou neste sábado (23) que o número eleitoral 38 escolhido para o partido que pretende criar, Aliança pelo Brasil, tenha relação com o calibre de revólver. Ele disse que a opção se refere à sua posição no cargo. “Trigésimo oitavo presidente da república. Se alguém quer associar às armas, vão pegar o 12 do PDT, calibre 12, 45 [do PSDB] e outros números que tem por aí”, respondeu ao ser questionado pela imprensa durante um evento na Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, da qual já fez parte, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Ele havia anunciado o número em suas redes sociais na última quinta (21), quando a legenda foi lançada em convenção em Brasília. “Tínhamos poucas opções e acho que o 38 é o mais fácil de gravar“, afirmou durante uma live, na qual não fez a associação do número com o calibre. No evento de apresentação, a Aliança pelo Brasil recebeu uma obra feita de cartuchos de bala com seu nome e símbolo. A sigla, que ainda vive incertezas sobre a sua viabilidade, tem um forte apelo à defesa do porte de armas e ao discurso de cunho religioso.

No evento deste sábado, Bolsonaro também afirmou que “nunca o Brasil viveu numa normalidade democrática como vivemos no momento”, ao ser questionado sobre como vê os protestos que têm tomado conta de países sul-americanos como Bolívia, Chile e Colômbia. Ele disse não ter motivos para que esses movimentos cheguem ao Brasil e voltou a chamar as manifestações de atos de terrorismo. “Pelo menos pelo que eu estou vendo em alguns países, há um excesso. Pelo menos no Chile. Aquilo não são manifestações, são atos de terrorismo”, declarou.

Ele se recusou a comentar alguns assuntos. Um deles foi a terceira investigação contra seu filho Flávio Bolsonaro aberta pelo Ministério Público do Rio, divulgada nesta sexta (22), para investigar denúncias de irregularidades no gabinete do então deputado estadual. “Pergunta para quem está investigando”, respondeu.

Outro foi a sondagem do PSL ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), depois que o presidente resolveu deixar a sigla. Segundo o jornal O Globo, o ex-juiz recebeu representantes do partido na última terça (19). “Não falo mais do PSL, estou sem partido no momento”, disse Bolsonaro.

O terceiro assunto evitado foi a situação do ex-presidente Lula: “Eu não falo sobre presos, quem fala são os juízes e as autoridades”, disse, após participar de uma cerimônia que comemorou os 74 anos de criação brigada paraquedista e homenageou os militares que estão completando 25 ou 50 anos de formados.

O presidente estava acompanhado dos generais e ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além do prefeito carioca, Marcelo Crivella (PRB).