O lado bom da eleição
Pode até parecer uma piada de péssimo gosto ou uma ironia, mas é preciso dizer…
Pode até parecer uma piada de péssimo gosto ou uma ironia, mas é preciso dizer que sim, existe o lado bom da eleição. Talvez a disputa eleitoral de 2018 seja uma das mais acirradas da jovem democracia brasileira que vem tentando se manter e amadurecer desde as Diretas Já, ou talvez a nossa condição humana nos traía um pouco trazendo esse impacto maior pela proximidade temporal dos acontecimentos, de todo modo a questão aqui é ver o lado bom de tudo isso.
Encaro redigir esse texto como um ato de coragem já que com certeza a cada sílaba que for escrita, inúmeros argumentos serão elaborados para desconstruir a mensagem presente, só que o prazer de viver em um país em que a liberdade de expressão, com as suas falhas, mas principalmente com as suas vantagens, ainda existe, me faz vencer o medo e me lança nessa aventura.
Depois de (mais) um Impeachment o brasileiro foi obrigado a sair da inércia política em que viveu desde o segundo mandado do presidente FHC. Não é difícil entender que depois de anos de uma economia sem estabilidade, um Impeachment (o primeiro), as dificuldades da transição no final regime militar, além de todas as demais lacunas que o país apresentava quanto a saúde, segurança e educação, que no momento em que a população sentiu que poderia deixar esse assunto de lado, ela o fizesse.
Tivemos a eleição do presidente Lula e com ele um cenário de dúvidas acabou se transformando em uma promessa de dias melhores. Dias que foram bons, duraram um certo tempo e com a sucessão e as mudanças conjunturais no mundo, acabaram. Deles custamos a ter lembranças.
E o que tirar de bom de tudo isso? Primeiramente estamos vivendo um período eleitoral, isso por si só já é suficientemente bom. Mesmo com as intempéries, o Brasil permanece sendo uma República Democrática em que seu próximo presidente será eleito pelo povo, assim como os deputados, senadores e governadores.
E agora o grande desafio que me foi proposto por algumas pessoas, falar o que os presidenciáveis “tem de bom” … Nesse momento as redes sociais se tornaram trincheiras em que cada combatente tenta se estabelecer lançando os mais variados tipos de argumentos em direção ao oponente. Virou vale tudo, de fotografias editadas a mentiras descaradas, passando por estáticas, opiniões de especialistas e xingamentos, tudo pode ser utilizado ao gosto do “freguês”.
Por isso agora falaremos o que temos de bom nos presidenciáveis:
O candidato Álvaro Dias tem um longo histórico na política brasileira, apesar de ser um ilustre desconhecido para muitos, seu primeiro cargo foi como Vereador em 1968 na cidade de Londrina-PR. Desde então Álvaro Dias passou por praticamente todos os cargos do poder Executivo, o que soma experiência e conhecimento quanto aos “bastidores” da política. É interessante lembrar que Álvaro em diversos momentos da sua carreira política combateu os excessos do regime militar e se posicionou de maneira firme pela democracia, ponto pra ele. Seu projeto de governo é abrangente e toca em pontos críticos como educação, saúde e segurança.
Com relação a segurança o candidato elenca uma proposta importante que é a construção de mais presídios e a promoção da educação para os presidiários, outro compromisso importante é a Reforma da Previdência, extremamente urgente para o Brasil. Quanto ao partido do candidato “Segundo a Presidente do partido, Renata Abreu, o Podemos não é de esquerda e nem de direita, mas para a frente, com mais democracia para juntos decidir o futuro do país. Na análise clássica das ciências políticas, se define como centro, tanto com propostas liberais na economia, como de distribuição e renda, quando o assunto é o desenvolvimento social.”
Ciro Gomes é outra figura já bastante experiente quanto a política brasileira, foi deputado estadual pelo Ceará, Governador, Ministro da Fazenda, Ministro da Integração, o último mandato foi de Deputado Estadual. Uma proposta interessante do plano de governo de Ciro é a implantação e creches em tempo integral em parceria com municípios, para crianças de 0 a 3 anos, o plano de governo do candidato também se compromete com a reforma da previdência e aponta o investimento em saneamento básico, coleta e tratamento de esgoto em vários pontos, o que é algo extremamente necessário apesar de quase sempre ignorado pelos governantes.
Ciro Gomes é candidato pelo PDT, que se declara como um partido de centro-esquerda.
Geraldo Alckmin, iniciou sua carreira política como vereador, mas é médico por formação, foi prefeito, deputado federal, vice governador e por 4 mandatos Governador do Estado de São Paulo. Os pontos que chamam atenção em seu plano de governo são: a priorização da educação na primeira infância, ampliação de vagas em creches, fomento de ações voltadas à prevenção da gravidez precoce e apoio integral no caso de gestação. O apoio a revisão da lei de Execução penal para que haja uma diminuição na progressão de penas no caso de crimes violentos e envolvimento com o crime organizado. Na economia há o compromisso com a Reforma da previdência e com a priorização de políticas de incentivo para o desenvolvimento das potencialidades da região Norte e Nordeste.
Curiosamente, ao contrário do que o censo comum indica o PSDB, partido pelo qual o Geraldo Alckmin é candidato, em muitos pontos apoia políticas de centro-direita, em outros centro-esquerda e até mesmo liberais.
Henrique Meirelles é executivo, trabalhou a vida toda com finanças e migrou para a política com o cargo de Ministro da Fazenda. A reforma do sistema penitenciário, com a construção de novos presídios está presente em sua proposta de governo, investimento em saneamento básico também e a Reforma da Previdência. O partido de Henrique Meirelles é atualmente o MDB, que originalmente tinha esse nome mas que posteriormente passou a se chamar PMDB. É o famoso “centrão”, com um grande número de parlamentares é o partido apontado como um dos com maior facilidade para conseguir as aprovações necessárias para que o país “volte a crescer”.
João Amoêdo é a novidade do pleito eleitoral de 2018. Engenheiro e administrador por formação, desempenhou sua carreira na esfera privada como executivo e para lançar sua candidatura foi um dos fundadores do partido NOVO, partido esse que se fundamente nos preceitos liberais e que traz um sistema de candidatura diferente do que tem sido praticado no Brasil até agora.
Para a educação o candidato do NOVO propõe a ampliação do PROUNI para o Ensino Infantil, Fundamenta e Médio com bolsas em escolas particulares para alunos do ensino público. Na segurança propõe a criação de parcerias público-privadas para gestão e construção de presídios, o programa do candidato tem forte apelo no setor econômico com a descentralização da gestão dos recursos públicos, dando mais autonomia para Estados e municípios, apresenta também a defesa quanto a extinção do fundo partidário, fundo eleitoral e propaganda eleitoral gratuita.
Marina Silva também tem um histórico considerável na política. Apesar de ser Historiadora, professora e psicopedagoga por formação, seu primeiro cargo público, foi o de vereadora de Rio Branco, em 1988. Foi eleita deputada estadual e senadora da República, tornando-se, aos 36 anos de idade, a mais jovem senadora da história do país. Reeleita para o Senado em 2002, assumiu o Ministério do Meio Ambiente. Em 2015, conseguiu o registro de seu novo partido político, a Rede Sustentabilidade.
As propostas que chamam atenção no plano de governo da candidata são: o fortalecimento de políticas voltadas à qualidade de vida, como prevenção de acidentes de trânsito e redução da violência, que são grandes causas de morte e ocupação do sistema público de saúde a valorização dos professores, com ações voltadas ao aprimoramento da formação pedagógica e dos planos de carreira, há ainda a defesa quanto a aprovação das candidaturas independentes, para quebrar o monopólio dos partidos e quanto a preservação do meio ambiente o programa é amplo que integraria também uma atuação internacional voltada para esse campo.
Bom, os dois candidatos que estão à frente nas pesquisas eleitorais foram deixados de lado nesse texto, mais uma vez utilizando as benesses da liberdade de expressão opto por não apresentar qualquer ponto quanto aos dois candidatos, por acreditar que o caminho do meio, do equilíbrio, da pacificação e da união será sempre a melhor alternativa.
Os brasileiros estão começando a se apegar de fato em propostas e deixando as promessas de lado. Abandonar os heróis é necessário para que possamos buscar a evolução possível diante da realidade. Política não é time, não é preciso torcer, é preciso avaliar e medir. O texto ficou longo, mas a causa é nobre, as lacunas dos candidatos já foram expostas de modo massivo e por isso talvez como em todo bom relacionamento, seja a hora de avaliar os defeitos que toleraríamos e as virtudes que buscamos, na tentativa de encontrar uma boa solução