O papel de Daniel Vilela
Filho de Maguito pode coordenar transição mas sem se esquecer que não foi ele o votado para o cargo de prefeito
A eleição completamente atípica que tivemos em Goiânia nesse 2020 maldito ainda vai demorar para ser digerida. Com isso, teremos situações inusitadas de monte nos próximos meses. Até que Maguito Vilela se recupere e assuma o cargo que o voto goianiense lhe confiou, o que torcemos que seja em breve, vamos ter que nos acostumar com algumas cenas inéditas.
Ontem, por exemplo, tivemos um fato que precisa ser olhado com cuidado. Em entrevista coletiva concedida no Paço Municipal, Iris Rezende afirmou que Daniel Vilela tem a autoridade como filho do prefeito eleito, como presidente estadual do MDB, “para assumir a chefia administrativa” de Goiânia enquanto o pai estiver internado. Iris exagera. É claro que Daniel não tem essa legitimidade. A lei não permite.
Contudo, isso não quer dizer que o vice-prefeito Rogério Cruz pode se sentir confortável e sentar na cadeira principal da cidade como se fosse o responsável pela vitória. Não foi. Ele precisa de Daniel e do MDB para lhe garantir legitimidade para tocar a administração.
Daniel acerta ao incumbir Iris da responsabilidade da transição. Também é uma boa medida manter o atual secretariado para começar o próximo mandato. Em momento de tamanha incerteza, previsibilidade no Executivo Municipal é bem-vinda.
Por ora, a situação parece bem acomodada. Mas isso é ilusório. Tal tranquilidade é mais passageira que alegria de pobre. Se a ausência de Maguito se prolongar, os conflitos certamente aparecerão. Rogério Cruz vai querer dar sua cara à administração. A lei lhe garante isso.
Qual será a reação de Daniel caso isso aconteça? Como vão se portar os vereadores se o vice-prefeito escantear o MDB e tentar de fato assumir o poder? E a população, o que pensa daquele que foi eleito ao lado de Maguito?
No momento, qualquer resposta a essas perguntas é precipitada. Vamos ficar ainda algum tempo com essas interrogações na cabeça.