Odebrecht e o patético nacional
Foram apenas duas deleções, feitas na semana, e vazadas no fim de semana. E os dados viraram apenas mais uma arma na luta política.
O listão da Odebrecht está apenas sendo esboçado e as primeiras reações de políticos, militantes e eleitores revela o lado patético do atual momento brasileiro.
Um comentário óbvio: o pessoal do governo Temer é tão ruim quando o dos outros governos. Ou mais. Isso parece óbvio.
Outro comentário: tudo está preparado para Temer cair em desgraça e abrir espaço para a eleição de um tucano. Pode até ser o plano inicial. Mas a citação das principais lideranças do partido – Serra, Alckmin e Aécio – pode inviabilizar a meta.
O pior de todos: começa a circular a mensagem de Fora Temer, Volta Dilma e Moro Herói dos Bobos. Comentário inocente útil.
Começando pelo final, o Judiciário, assim como o Ministério Público tem problemas e, em algum momento, vão ter que justificar também, especialmente as suas reagalias. Não existe herói. Joaquim Barbosa foi um herói de ocasião, exatamente como é hoje Sérgio Moro.
Questiona-se, especialmente entre os que apoiaram e apoiam Lula e Dilma, a atuação de Moro. Mas essas mesmas pessoas não querem discutir o essencial, que é a origem dos crimes apontados pelos investigadores e condenados por Moro.
Pouca gente lembra, mas tudo indica que o PAC foi criado apenas para o repasse de dinheiro público às grandes empreiteiras, para que essas irrigassem o esquema de corrupção. Que beneficiou, diga-se de passagem, mais o PMDB do que o PT. E que envolvem praticamente todos os partidos com representação no Congresso.
Que a decisão de colocar dinheiro do BNDES para bancar obras no exterior beneficiou não só a diplomacia brasileira, mas principalmente as grandes empreiteiras, que irrigaram os esquemas de corrupção. Ao que parece.
Por fim, que esse mesmo BNDES usou dinheiro vindo do Tesouro Nacional, para financiar operações para que empresas brasileiras fizesses aquisições no exterior e se tornassem poderosas multinacionais. O maior exemplo é o grupo JBS, coincidentemente, um dos maiores doadores de campanha.
É isso que está em jogo. É o que precisa ser mudado. Investimento em polícia serve apenas para corrigir. O desafio é mudar o rumo e priorizar educação. Parece óbvio e simples. Basta fazer.