O QUE FOI AQUILO?

Olavo de Carvalho só queria dinheiro, dizem cientistas políticos

“O dublê de filósofo está provavelmente em dificuldades por conta dos processos que tem perdido na justiça”, resume especialista em políticas públicas

Olavo de Carvalho morreu de Covid, diz filha do guru do bolsonarismo (Foto: Reprodução)

Em cerca de um dia, o escritor Olavo de Carvalho rompeu com Bolsonaro e fez as pazes com o presidente. No domingo (7), ele gravou um vídeo em que ofendia o presidente por não defendê-lo. Mais tarde, após o empresário Luciano Hang, também alvo das críticas, conseguir o aval de Bolsonaro para criar uma vaquinha para saldar as dívidas de Olavo, o guru bolsonarista mesmo publicou: “Estou cem por cento com Bolsonaro. Ele é que não está.”

Mais uma vez, o Mais Goiás recorre a cientistas políticos para avaliar o estranhamento desses aliados. “Era só pressão por dinheiro”, afirma o professor Luiz Signates, doutor em Ciências da Comunicação e Especialista em Políticas Públicas.

“O dublê de filósofo está provavelmente em dificuldades por conta dos processos que tem perdido na justiça (dizem que o que Caetano Veloso moveu contra ele já transita em julgado e espeta uma conta de milhão nas costas do Olavo), e detonar em público para conseguir verba é um artifício antigo, bastante usado por certo tipo de imprensa”, analise.

Ele lembra que os filhos do presidente (que têm poder sobre as decisões do pai) são olavistas convictos. “Claro que não querem o rompimento, especialmente em um momento em que todos, exceto os fisiológicos, claro, tendem a abandonar o barco bolsonarista. Ao menos não por conta de um problema que pode ser resolvido com dinheiro.”

Marcos Marinho, que é professor e consultor de marketing político, além de mestre e doutorando em comunicação, lembra que a própria estrutura do governo é composta por Olavistas. “Bolsonaro acolheu a essas doutrinas e Olavo está pedindo esmola”, resume. “Deve milhões em processo e está pressionando, achando que o presidente vai dar dinheiro. A mesma coisa com Luciano Hang.” Segundo Marcos, eles brigam mas dependem um do outro.

Briga

Olavo de Carvalho disse nas redes sociais, na madrugada de domingo, que Bolsonaro nunca foi seu amigo, pois não o defendia contra o que chamou de “gabinete do ódio contra o Olavo”, que, segundo ele, existe há décadas. Ele disse que o presidente não agia contra crimes e que derrubaria esse “governo de merda” se o presidente continuasse “inativo” e “covarde”.

“Milícia, gabinete do ódio, existe há muito tempo, foi inventado contra mim. Não contra o Bolsonaro. E o que ele fez pra me defender? Bosta nenhuma. Chega lá e me dá uma condecoraçãozinha. Enfia a condecoração no cu. Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda eu não quero a sua amizade. Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo. Você foi tão meu amigo quanto a Peppa. Você só tira proveito e devolve o que?”, disse em trecho do vídeo.

Mais tarde, porém, Luciano Hang, dono da rede Havan, e que foi chamado de “Zé Carioca” e “palhaço” por Olavo, pediu a um grupo de empresários recursos para ajudar o escritor. “Um senhor de 73 anos, morando há 15 anos nos EUA, está na trincheira atirando, atirando, atirando, ajudando o nosso país. E aí eu me pergunto, o que nós estamos fazendo pelo Olavo de Carvalho?”, disse. O intuito é chegar a R$ 2,8 milhões, valor que o guru deve ao cantor Caetano Veloso.

Depois da divulgação dessa notícia, da vaquinha online, Olavo de Carvalho disse que nunca pediu dinheiro. “Não pedi dinheiro para ninguém. Eu pedi advogados, é outra coisa completamente diferente. Não disse para ninguém pagar os advogados para mim. A minha situação financeira não é ruim”, garantiu.