Política

Onde mais alguém como Luciano Hang seria ouvido?

Empresário fanfarrão ter voz ativa no debate brasileiro mostra o nível de degradação a que estamos submetidos

CPI vai ouvir Hang sobre fake news, gabinete paralelo e morte da mãe na Prevent (Foto: Reprodução - Redes Sociais)

Luciano Hang transformou seu depoimento na CPI da Covid em um freak show. As falas que fogem dos pontos levantados pelos senadores, as respostas rodeando o toco, a postura espalhafatosa, a tentativa de se impor pelo patético… O empresário catarinense encarna o burlesco e capitaliza sua imagem. Enquanto isso, a ala do país que ainda tem vergonha na cara sente a face ficar rubra.

Manter a sanidade no Brasil de hoje é olhar para essas cenas sentindo um misto de pesar e asco. Um fanfarrão como Hang só deveria ocupar o noticiário para ser escrachado. Mas ele foi além. Ultrapassou o espaço que em tempos normais lhe seria destinado para ocupar as páginas nobres dos jornais. Riquinho espalhafatoso que rebaixou o Brasil a personagem de seu freak show diário.

É preciso reconhecer que, pensando em marketing, Hang sabe das coisas. Surfou na onda reaça capitaneada por Jair Bolsonaro e se tornou popular. Abraçou os apelidos que lhe seriam pejorativos e os incorporou ao próprio nome. Véio da Havan e Zé Carioca são exemplos disso.

Como um bobo da corte sagaz que sabe o que quer, o empresário se posiciona. Corre à boca miúda que ele almeja ser candidato. Seu objetivo seria o Senado por Santa Catarina. Tendo em vista que é um dos estados mais bolsonarizados do país, aliado ao ponto de que Hang é um empresário que investe muito por lá, creio que será bem competitivo e tem chances de ser eleito. Mas isso é conversa para o ano que vem.

Por ora, nos resta a frustração. Embasbacados, observamos que qualquer zé doidinho vestido como se estivesse na Sapucaí consegue ser voz ouvida. E não importa o saldo bancário, nem quantas pessoas emprega: zé doidinho será sempre zé doidinho. E Hang é um zé doidinho que foi longe demais.

Quando será que o país vai sair dessa viagem coletiva, acordar da bad trip e voltar a viver dentro de parâmetros mínimos de civilidade? Não sei a resposta, mas espero que o quanto antes. A gente não aguenta mais ter que prestar atenção e racionalizar sobre esse bando de zé doidinho.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução – Redes Sociais