"DÍVIDAS NÃO PAGAS"

Oposição contesta informação de que prefeitura de Goiânia tem rombo de R$ 3,6 bi

A vereadora Aava Santiago comparou o documento com informações oficiais do TCM-GO e apontou uma diferença expressiva

Katia Maria, vereadora de oposição indaga Mabel em prestação de contas (Foto: Divulgação - Assessoria Katia Maria)

A prestação de contas do terceiro quadrimestre de 2024, apresentada na manhã desta segunda-feira (24) pelo prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), não convenceu parte dos vereadores da Câmara Municipal. Parlamentares da oposição, como Aava Santiago (PSDB), Professor Edward e Katia Maria, ambos do PT, apontaram divergências entre os dados apresentados pelo Paço e os números registrados no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO).

A principal crítica recai sobre o rombo de R$ 3,6 bilhões apontados por Mabel com base no relatório da Comissão de Transição. A vereadora Aava Santiago comparou o documento com informações oficiais do TCM-GO e apontou uma diferença expressiva.

“Se a gente fizer o comparativo de todos os números apresentados pelo prefeito Rogério, com os números do TCM, a gente chega num rombo de R$ 700 milhões. O senhor nos envia um documento e confirma ele aqui agora de que o rombo é de R$ 3,6 bilhões”, afirmou Aava.

Para ilustrar a gravidade dos valores anunciados, a vereadora fez uma comparação com o valor estimado para a reconstrução de Porto Alegre após calamidade ambiental.

“Se esses números forem reais, eu tenho uma pergunta muito sincera. O senhor já foi na polícia? Porque a prefeitura não é um caixa, você não chega lá e saca, você não pede dinheiro, esse dinheiro deixa rastro para sair”, indagou.

Diante das críticas, Sandro Mabel rebateu as acusações e explicou que o valor de R$ 3,6 bilhões refere-se a dívidas não pagas, muitas delas sem empenho orçamentário, e não à ausência de rastreabilidade de recursos públicos.

“Não é para onde o dinheiro saiu, o dinheiro não saiu, a despesa ficou sem pagar”, justificou o prefeito. “O relatório de transição tem conta por conta, temos lá a apuração de todos esses débitos”. 

Enquanto Mabel apresentava os números, a vereadora Katia Maria, também concedia entrevista e contestava os números apresentados pela Prefeitura. “Se existe essa dívida, eles precisavam ter colocado na prestação de conta como resto a pagar. Isso não aparece no relatório. No relatório aparece apenas uma dívida de 1 bilhão e 600, o que equivale a cerca de 12% da receita que está prevista para o ano de 2025”, destacou.

A petista cobrou um planejamento detalhado da Prefeitura, caso os dividendos de fato existam, além de transparência em torno dos números. “Mais do que isso, a Prefeitura precisa apresentar um cronograma de pagamento dessa dívida e fazer com que os serviços que são para atender a população sejam efetivados”, reforçou.

Antes, em coletiva com a imprensa, Mabel respondeu ao Mais Goiás, que demoraria aproximadamente dez anos para que o Paço consiga regularizar a situação financeira e adotará entre outras medidas, a renegociação e até judicialização de algumas dívidas.

Para elucidar a questão, o vereador coronel Urzeda (PL), sugeriu a criação da CEI do Rombo. A Comissão Especial de Inquérito (CEI) está sendo articulada por ele e por seu colega de partido, Willian Veloso. Ambos estão recolhendo assinaturas para investigar a origem e os indicativos de rombo nas contas públicas da Prefeitura de Goiânia.