Operação Acesso Pago

Pastores prometeram ajuda com recursos do MEC a prefeitos goianos, diz PF

De acordo com a corporação, os prefeitos tiveram contato com pastores do chamado “gabinete paralelo”, instalado durante a gestão de Milton Ribeiro

Ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro (esq) e pastor Arilton Moura (dir). Foto: Reprodução - Redes Sociais

A Polícia Federal (PF) tomou o depoimento de dois prefeitos goianos no âmbito da Operação Acesso Pago, que investiga supostos crimes de tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Ministério da Educação. De acordo com a corporação, os prefeitos tiveram contato com pastores do chamado “gabinete paralelo”, instalado durante a gestão de Milton Ribeiro.

Um dos prefeitos ouvidos pela PF foi Laerte Dourado (PP), de Jaupaci, a cerca de 215 km de Goiânia. Em oitiva realizada por vídeo conferência, ele relatou que o pastor Arilton Moura lhe disse que tinha um ‘acesso bom’ com o então ministro e o ajudaria a conseguir recursos para a cidade de três mil habitantes.

Além de Dourado, prestaram depoimento à PF os prefeitos Nilson Caffer (PTB), de Guarani D’Oeste (SP), Adelícia Moura (PSC), de Israelândia (GO), Doutor Sato (PSDB), de Jandira (SP), e Calvet Filho (PSC), de Rosário (MA). Os depoimentos ocorreram em março, ainda no início das apurações que culminaram na prisão do ex-ministro, na última quarta-feira, 22.

A gravação do depoimento do prefeito de Jaupaci tem seis minutos Dourado declarou que viu Milton Ribeiro apenas uma vez, no MEC, em um evento no início de 2021, em meio a uma reunião com outros prefeitos. Segundo o político, quem o convidou para o encontrou foi ‘Luciano’, pessoa que o prefeito acreditava ser assessor de Arilton. Dourado relatou que Luciano teria uma propriedade em Jaupaci.

Posteriormente a Polícia Federal identificou o Luciano citado por Dourado como o advogado Luciano Freitas Musse. Ele ocupou o cargo de gerente de projetos do Ministério da Educação entre abril de 2021 e março deste ano. Os investigadores chegaram ao nome ao analisar extratos de estadia do Hotel Grand Bittar, em Brasília, identificando registros em nome do advogado e dos pastores Gilmar e Arilton.

Ainda durante o relato à PF, Dourado disse que ‘eles ofereceram diversas coisas’ para o município. O prefeito afirmou que o motivo para participar da reunião no MEC era uma ‘obra inacabada’ na cidade. Segundo ele, Arilton perguntou se Jaupaci precisava de uma creche-escola. Ao delegado, Dourado declarou ter dito a Arilton que na realidade precisava acabar a obra já iniciada.

O prefeito diz que foi até Brasília pedir ajuda para terminar a construção, mas na realidade teve ‘prejuízo’ com o deslocamento – “gastei com hotel e a viagem e não consegui nada”.

*Com informações de Estadão Conteúdo