Paulo Daher reafirma apoio a Jorge Caiado no caso Rodney
Para vereador, primo do governador jamais se manifestaria daquela maneira se não houvesse algum indício. "Tenho certeza absoluta da idoneidade dele"
“Fico com a versão do doutor Jorge”, disse o vereador Paulo Daher, que ainda não está convencido da investigação da Polícia Civil (PC) que apontou ausência de provas nas acusações feitas por Jorge Caiado, primo do governador, ao secretário de Segurança Pública (SSP), Rodney Miranda. “Tenho certeza absoluta da idoneidade dele [de Jorge]”, reforça o parlamentar.
Vale lembrar que, há 20 dias, Paulo gravou e divulgou, nas redes sociais, vídeo em que elogia Jorge Caiado – que acusou o secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, de grampear telefones e desviar R$ 1 milhão – e rasga o título de cidadão goianiense que havia concedido a Rodney na Câmara Municipal de Goiânia. No vídeo, o vereador jura lealdade ao primo do governador Ronaldo Caiado: “sou o seu vereador”.
Nesta quinta-feira (25) pela manhã, porém, a Polícia Civil disse que não indiciou o titular da SSP e que solicitaria o arquivamento do inquérito. O delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, Odair José, explicou que três delegados conduziram o inquérito. A mensagem de áudio passou por perícia e comandantes atuais e anteriores do Corpo de Bombeiros foram ouvidos. Depoimentos de servidores públicos, do próprio Rodney e de Jorge Caiado foram colhidos. A conclusão foi de que Jorge Caiado não “trouxe elementos robustos sobre os crimes citados”.
De acordo com Odair, o primo do governador fez denúncia sem provas sobre possíveis recebimentos de valores e que baseou sua iniciativa contra Miranda em comentários. Por isso, a sugestão da PC é de que o inquérito seja arquivado.
Jorge Caiado
Para Paulo Daher, o Jorge Caiado jamais se manifestaria daquela maneira se não houvesse algum indício. “Continuo com o mesmo pensamento. Além disso, Goiás tem quadros mais bem qualificados, com todo respeito aos demais secretários que vieram de fora”, argumenta o vereador por Goiânia.
No áudio que vazou no começo do mês, Jorge Caiado acusa Rodney der grampeado seu telefone e de pegar R$ 1 milhão que seria do Corpo de Bombeiros. Ele também ataca o secretário por querer “explodir o pessoal” dele que está no governo. A autoria da gravação foi confirmada pelo deputado estadual Eduardo Prado. “Mandei uma mensagem para o Jorge, que confirmou”, disse o parlamentar.
No áudio, a que o Mais Goiás teve acesso naquele momento, Jorge Caiado diz o seguinte: “Oi, secretário Rodney. Tudo bem? Aqui é Jorge Caiado e eu quero falar com o senhor o seguinte: o senhor tem que largar de ser cabra safado (e mais uma série de palavrões). Você não vem querer grampear telefone meu, não sou bandido, o senhor me respeita seu filho da #$%&. Então, você está querendo explodir o governo do Ronaldo Caiado. Eu não admito e não aceito. Você fica levando todo mundo na conversa, você é um 171, um safado. E eu não sou Eurípedes não. Eu quebro a sua cara, seu moleque safado. Tá certo? Você que pegou dinheiro do governo, R$ 1 milhão do bombeiro. Você fez um trato e quer explodir o pessoal nosso todinho. Gente da minha confiança. (Palavrões). Você não é homem, você é frouxo, covarde. Marca um lugar que você quer ir, comigo. E chama seus amarra-cachorros, esses ladrãozinhos. Você me respeita (palavrões).”
À época, Jorge Caiado preferiu não comentar o assunto. Nesta quinta-feira, o Mais Goiás também conseguiu contato com o primo do governador. Mais uma vez, ele disse que preferia não tecer comentários. “Não tenho nada para declarar. Só agradecer a sua gentileza e educação [pelo contato]”, se reservou.
Rodney Miranda
Rodney, que irá retomar o cargo com todas as “credenciais”, segundo o governador Ronaldo Caiado, afirmou que ficou incomodado, mas estava tranquilo quanto à apuração. Ele relatou que sempre esteve confiante. “Eu digo que fiquei incomodado com essas informações inverídicas, mas tranquilo quanto ao procedimento em todo o estado e nos meus quase 40 anos de serviço público. Nunca fui acusado de desvio, ato de corrupção, ou qualquer ato do gênero. Permaneci confiante na Polícia Civil.”
O secretário destacou que Ronaldo Caiado nunca questionou a conduta dele e que preferiu se afastar para contribuir com a lisura das investigações. “O governador nunca questionou a minha conduta. Achamos por bem me afastar, fiquei 15 dias de férias, me apresentei no primeiro dia, minha oitiva foi acompanhada por promotor de Justiça. Nunca me senti suspeito ou acusado. Quem sofreu foi minha família e meus amigos. Estou feliz com o encerramento dessa etapa triste e vou continuar essa marcha no combate ao crime”, relatou.
Na época dos vazamentos, Miranda se pronunciou sobre as acusações: é tudo mentira. Relembre.
PC, MP, Judiciário
A Polícia Civil não pode mandar arquivar inquérito. Porém, ao remeter ao Poder Judiciário – o que foi feito ainda na quarta-feira (24) – pode sugerir o arquivamento.
Segundo informações da assessoria da PC, não houve indiciamento e o arquivamento foi sugerido. Os próximos passos do juiz do caso é enviar ao Ministério Público, que deve oferecer denúncia, pedir novas diligências ou solicitar o arquivamento.
Procurado, o Ministério Público de Goiás (MPGO) afirmou que só se manifesta quando estiver com os documentos em mãos e souber, exatamente, que houve.