"SÓ PRESSÃO"

PEC que acaba com o TCM em Goiás corre risco de perder assinaturas na Assembleia

Interlocutor afirma que assinaturas do projeto devem ser retiradas

PEC estadual que tramita na Assembleia deve beneficiar cerca de 200 município com repasses de ICMS (Foto: Maykon Cardoso)

“Só pressão”, garante uma fonte ligada à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que extingue o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO). De acordo com esse interlocutor, com o anúncio da aposentadoria do conselheiro Nilo Resende, e a possibilidade da Alego indicar o deputado Humberto Aidar (MDB) para o cargo, o próximo passo deve ser a retirada das assinaturas do projeto ou a retirada pelo próprio autor, Henrique Arantes (MDB).

De acordo com essa fonte, na sessão da última quinta-feira (13), já não havia mais clima para tocar o projeto. Nesta terça, o “desânimo” deve se confirmar.

Vale lembrar, na última quarta-feira (12), o TCM-GO publicou resolução administrativa que aprovou a aposentadoria do conselheiro Nilo Sérgio de Resende Neto, de 62 anos. Entre os cotados para substituí-lo, o secretário de Governo, Ernesto Roller, e o deputado estadual Humberto Aidar – este último, parece levar vantagem.

Indicação

A indicação oficial de um novo conselheiro parte da Assembleia Legislativa, onde tramita a PEC, e, depois ocorre a sabatina, que aprova ou não o novo ocupante do cargo. No mesmo dia, deputado Tião Caroço (DEM) saiu em defesa do nome de Aidar. “Ele vai preencher todos os requisitos de um grande conselheiro. É um homem honrado, digno e preparado. É motivo de muito orgulho para todos nós.”

Nilo, destaca-se, estava no TCM desde 2013. A resolução administrativa que aprovou o pedido da aposentadoria voluntária considerou o “tempo de contribuição, idade, dentre outros”. Ele, se quisesse, poderia seguir até os 75 anos para deixar o cargo, por meio de aposentadoria compulsória.

O pedido, vale lembrar, teve como relator o conselheiro Francisco José Ramos. Todos os demais acompanharam o parecer.

PEC

A PEC que prevê a extinção do órgão foi apresentada em 27 de abril pelo deputado estadual Henrique Arantes com 26 assinaturas. Desde o começo das discussões, prefeitos, entidades e deputados se manifestaram contrários e favoráveis à proposta. O TCM, por sua vez, sempre reforçou que o órgão não é caro, nem ineficiente.

O tribunal é responsável pela fiscalização dos 246 municípios goianos (Prefeituras e Câmaras Municipais), empresas públicas, fundações, autarquias, institutos de previdência, Fundos Municipais de Saúde; Fundos municipais de assistência social, dos direitos da criança e do adolescente, de habitação de interesse social, de educação e de manutenção e desenvolvimento da educação básica.

Ao todo, segundo o TCM, são 1.900 entidades avaliadas com base na transparência e nos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Por meio de nota, ao portal, o tribunal disse que não é ineficiente e nem caro. Atualmente, o custeio mensal do órgão é de R$ 530 mil, mais 9,650 milhões em servidores ativos e R$ 5,7 milhões de inativos.

“Seu custo não chega a 0,5% (meio por cento) do orçamento do Estado de Goiás. A propalada redução de custo seria pífia.” Com a extinção do órgão, os servidores seriam remanejados, por exemplo, para o TCE. “A solução de continuidade seria gigantesca e danosa à sociedade. O Estado consumirá tempo e recursos para absorver a estrutura e a expertise que o TCM detém para lidar com a gestão municipal”, adverte.

Vale lembrar, em 2018 também houve a sugestão, por parte do ex-deputado estadual [hoje federal] José Nelto (Podemos), de extinguir o tribunal.