Perdeu, playboy!
Chega ao fim o domínio de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados. Jogou a toalha no final de semana.
Eduardo Cunha vai para o matadouro político nesta segunda-feira. Ele é um retrato fiel do matreiro, astuto, disposto sempre a arranjar um jeito de se dar bem em qualquer lugar. Lembrar que Cunha entrou para a vida pública pelas portas da Loterj, que seria uma das pontas do fio da meada que levou ao mensalão.
No segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, Cunha peitou toda a máquina. Apoiador de Aécio Neves na campanha presidencial (traindo a posição do PMDB), contrariou o acordo feito pelo seu partido e o PT para o comando das Casas no Congresso. Peitou, ganhou e levou para casa um problema bem grande, principalmente porque não recuou. Partiu para o embate. Não porque quisesse a guerra. Queria um acordo para tirar proveitos. Não conseguiu, ficou no meio do tiroteio.
Do ponto de vista ético, o que está em jogo é se Eduardo Cunha mentiu ou não em depoimento feito a uma CPI na Câmara dos Deputados. Não há dúvida. Cunha mentiu. Vai ser cassado não por isso. Como o julgamento é político, deve perder o mandato porque perdeu a liderança que tinha.
Perdeu a liderança porque mentiu e colocou aliados em xeque. Abriu guerra com as forças ligadas ao PT, que colocam a cassação de Cunha como ponto de honra para vingar o afastamento de Dilma. E vai ser cassado, enfim, para que a classe política dê uma satisfação à opinião pública. Não vai mudar nada no dia seguinte. Mas a classe política vai dizer que não dá mais para ter Cunha no meio dela. Mesmo que existe outros com o mesmo tipo de comportamento.
A máquina vai continuar girando, Cunha. Perdeu, playboy!