Reforma da Previdência

Perdi condições de ser articulador da Previdência, não falo mais em número de votos, diz Maia

Presidente da Câmara se afastou da negociação política da reforma depois de se irritar com a maneira como Bolsonaro se relaciona com o Congresso

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira (8) que “perdeu as condições” de ser o articulador político da reforma da Previdência de Jair Bolsonaro, e que não pode mais falar em prazo ou número de votos que a proposta terá na Casa.

“Agora eu não tenho mais as condições que eu tinha um mês atrás de ser um articulador político [da reforma]. Eu perdi as condições de cumprir um papel porque fui mal compreendido, parecia que eu estava tentando me aproveitar de uma articulação”, afirmou Maia.

O presidente da Câmara se afastou da negociação política da reforma depois de se irritar com a maneira como Bolsonaro se relaciona com o Congresso.

Em evento promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, o deputado disse que continua defendendo a aprovação da reforma e que irá pautá-la quando o governo entender que seja o caso, mas que não tem mais poder de falar sobre o número de votos que a proposta deve obter.

Questionado sobre se estava magoado com a ação de Bolsonaro, Maia disse que não. “Facilita a minha vida”, disse. “Eu esperava que no governo a gente poderia ter um governo de coalização, o presidente acha diferente e talvez ele esteja certo. Só não vou ficar no meio dessa briga tomando porrada da base eleitoral do presidente. Também não sou mulher de malandro, para tomar porrada e achar bom”, disse.

“Se o governo vai ganhar [ou não], pergunta para o ministro Onyx [Lorenzoni, da Casa Civil], disse. São necessários 308 votos para a aprovação de uma emenda constitucional. “Não falo mais de prazo, não falo mais de voto”, disse.

Segundo Maia, é prejudicial falar em número de votos antes de colocar o projeto em votação. “Não importa se o governo tem 200 votos hoje, o que importa é ter 308 votos no dia”, disse. Ele também afirmou que é preferível demorar para votar a reforma e conseguir uma economia maior do que votar rapidamente por uma economia menor.

Antes, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que também participa do evento, disse que não tem temperamento ou pretensão para assumir a articulação política da reforma.

“Eu não tenho a pretensão de ser coordenador político. Vocês viram meu desempenho lá”, afirmou Guedes nesta segunda, em referência à audiência pública na Câmara, na semana passada, que foi marcada por tom agressivo do ministro em uma reunião que foi encerrada antes da hora, com bate-boca e confusão. “Não tenho propriamente um bom temperamento para fazer essa função.”