Operação Registro Espúrio

PF decide incluir número 2 do Ministério do Trabalho na difusão vermelha da Interpol

Sobrinho do deputado Jovair Arantes, Leonardo Arantes, teve a prisão preventiva decretada pelo ministro do STF, Edson Fachin, a partir das investigações da Operação Registro Espúrio

A Polícia Federal já iniciou procedimentos para incluir o nome do secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Leonardo Arantes, na difusão vermelha da Interpol. Número dois na hierarquia do ministério, Arantes teve a prisão preventiva decretada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a partir das investigações da Operação Registro Espúrio. O secretário é suspeito de envolvimento num esquema de venda de registro de sindicatos no ministério, mas não foi preso na quarta-feira porque está em Londres, em missão oficial do ministério.

Advogados do secretário prometeram na quinta-feira à polícia que ele retornaria ao Brasil na sexta ou no sábado. Um dos delegados do caso considerou a ideia positiva. Mas, mais tarde, os chefes da operação entenderam que o melhor seria adotar o procedimento básico em casos como esse, ou seja, a inclusão na difusão vermelha da Interpol. Com o aviso de procurado, ele pode ser preso em qualquer país vinculado a Interpol, como por exemplo a Inglaterra, ou logo quando retornar ao Brasil.

— Ele pode ser preso já no aeroporto — disse um investigador.

A polícia também está à procura do diretor de Ordenamento da Estrutura Fundiária do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rogério Papalardo Arantes, que também teve a prisão decretada por Fachin na mesma operação. Leonardo e Rogério são sobrinhos do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), responsável pela indicação dos dois aos cargos do alto escalão federal. Jovair Arantes também é um dos alvos da investigação.

São investigados na mesma operação o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, e os deputados Paulinho da Força (SDD-SP) e Wilson Filho (PTB-PB). Os quatro, Jefferson, Arantes, Paulinho e Wilson são suspeitos de manter um esquema de cobrança de propina para registro de sindicatos no Ministério do Trabalho. Pelas investigações, um grupo de servidores do ministério, ligado aos políticos, furava fila e apressava processos de sindicatos que aceitavam pagar suborno.

No despacho em que determinou a prisão de 23 suspeitos, Fachin emitiu medidas cautelares contra Jovair Arantes, Paulinho e Wilson, conforme revelou o GLOBO nesta quinta-feira. Pela decisão do ministro, estes parlamentares estão proibidos de conversar com outros investigados, não podem frequentar o Ministério do Trabalho e não podem exercer qualquer atividade vinculada a centrais sindicais.

A Polícia Federal chegou a pedir a prisão de Roberto Jefferson, mas, com o parecer contrário da procuradora-geral Raquel Dodge, Fachin rejeitou o pedido. Jefferson foi condenado a sete anos de prisão no julgamento do mensalão. Depois de passar um ano e três meses na cadeia, ele foi autorizado pelo ministro Luís Roberto Barroso a cumprir o restante da pena em regime aberto. Jovair Arantes foi relator do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff na Câmara.