DELAÇÃO

PF usou emails, agendas, anotações e decisões como indícios contra Toffoli

Material foi encaminhado ao Supremo; ministro diz que jamais recebeu qualquer valor ilegal

Material foi encaminhado ao Supremo; ministro diz que jamais recebeu qualquer valor ilegal (Foto: Divulgação/STF)

A Polícia Federal elencou uma série de documentos no pedido de abertura de inquérito contra o ministro Dias Toffoli (STF) como elementos de corroboração ao depoimento de Sérgio Cabral sobre a suposta venda de decisões.

Emails, agendas com encontros entre os envolvidos na suposta negociação, mensagens por aplicativos e anotações do ex-governador do Rio foram anexados ao material encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, que começa a julgar nesta sexta-feira (21), no plenário virtual da corte, o recurso da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra a validade da delação de Cabral com a PF.

Toffoli tem dito desconhecer os fatos mencionados e que jamais recebeu qualquer valor ilegal. Na sexta (14), Edson Fachin, relator do caso, indeferiu os pedidos de investigação após a Procuradoria-Geral da República se manifestar contra a apuração.

Como mostrou o Painel, da Folha, boa parte dos dados que a PF juntou faz parte das operações Calicute e Boca de Lobo, cujos conteúdos foram compartilhados de um caso para outro com autorização de Fachin.

Os documentos mostram, na opinião da polícia, indícios da relação de Cabral e seu grupo com José Luiz Solheiro, que seria o intermediário de Toffoli e de sua mulher, a advogada Roberta Rangel.

Ex-policial militar, segundo Cabral, Solheiro integrou a sua equipe de segurança e a do ex-governador Luiz Fernando Pezão. A PF fez uma apuração preliminar sobre o ex-PM e encontrou empresas sediadas em Jundiaí (SP) registradas em seu nome e no de um sócio.

De acordo com os investigadores, “causa estranheza o fato de essas empresas terem capital social de alto valor”, elas estarem sediadas em um mesmo endereço e serem dos mesmos donos.

“Considerando o modo como estão dispostas, há indícios de que possam ser empresas de fachada (algumas) e/ou utilizadas para confundir e dificultar a fiscalização”, diz a PF em relatório.