JUSTIÇA

PGR apresenta novo recurso para suspender investigação contra empresários bolsonaristas

Moraes havia negado pedido de Lindôra Araújo para trancar investigação por descumprimento de prazo

PGR apresenta novo recurso para suspender investigação contra empresários bolsonaristas (Foto: CNJ)

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um novo recurso contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que, na semana passada, rejeitou um pedido da PGR para arquivar investigação contra oito empresários bolsonaristas e anular medidas cumpridas contra eles. A investigação foi deflagrada por mensagens com teor golpista compartilhadas em um grupo de WhatsApp.

Moraes não apreciou o mérito do pedido, que apontava ausência de provas para justificar a operação, e disse que o recurso foi apresentado fora do prazo regimental de cinco dias.

No recurso, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, afirma a Moraes que seu último pedido, rejeitado pelo ministro, foi apresentado dentro do prazo permitido.

Na decisão da semana passada, Moraes afirmou que o pedido da PGR foi “manifestamente intempestivo”, porque foi protocolado 13 dias após o prazo. Ainda cabe recurso aos demais ministros sobre a rejeição. A PGR havia apontado na manifestação que a investigação se baseou apenas nos diálogos reproduzidos em reportagem e que não havia fundamento para decretar as medidas.

No novo recurso, Lindôra aponta para a “falta de competência do relator”, a determinação de medidas cautelares e diligências investigativas, sem prévios conhecimento e manifestação do órgão ministerial e falta de justa causa e atipicidade das condutas apuradas, configuração de fishing expedition, ilicitude das provas coletadas e constrangimento ilegal.

Além disso, o documento reitera que houve desrespeito à prerrogativa processual de intimação pessoal nos autos, garantia reservada ao representante do Ministério Público.

Segundo a vice-PGR, os autos do processo que envolve os empresários “sequer chegaram à PGR para ciência da decisão que negou o recurso”, mas que “a imediata interposição de outro recurso justifica-se diante do quadro de inconstitucionalidades e ilegalidades que sobressaem da apuração, dão azo a nulidades absolutas e acarretam a vigência de indevidas restrições de direitos e garantias fundamentais”.

A operação contra os empresários foi deflagrada no dia 23 de agosto, a partir de um pedido da Polícia Federal que se baseava nas reportagens do site “Metrópoles”. Moraes determinou que a PGR fosse intimada sobre a realização da operação, mas não aguardou uma manifestação do órgão a respeito. Esse é um dos pontos que Lindôra cita como ilegalidade. Segundo ela, a deflagração da operação sem a participação da PGR viola o sistema processual acusatório e, por isso, as provas colhidas seriam ilícitas.