Gestão ambiental

“Polarização entre desenvolvimento e natureza é o maior erro”, aponta Vulcanis no Dia mundial do Meio Ambiente

A secretaria ainda disse que há uma convergência do governo estadual entre os interesses dos ambientalistas e do agronegócio

Andréa Vulcanis (Foto: Semad)

A secretária de Meio Ambiente de Goiás, Andrea Vulcanis, disse que é um “erro” insistir na “polarização entre o desenvolvimento e o meio ambiente” no país, durante a abertura da programação da Semana do Meio Ambiente 2023, nesta segunda-feira (5/6) – data em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. Para ela, o trabalho de gestão deve ser feito em torno da convergência de interesses, uma vez que a “disputa entre os campos ideológicos causa prejuízos à natureza e aos brasileiros”.

“Acreditamos que a polarização entre desenvolvimento e meio ambiente é o maior erro que se está cometendo em âmbito nacional”, disse a secretária em referência indireta à política adotada pelo governo Lula (PT), que tem à frente a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva. “Nenhum dos lados desta guerra sairá vencedor e quem perde é o meio ambiente, sobretudo os brasileiros”, continuou.

A secretaria ainda disse que há uma convergência do governo estadual entre os interesses dos ambientalistas e do agronegócio. “Aqui em Goiás, todos são respeitados, ambientalistas e ruralistas, não há distinção ou preconceito. São ouvidos e atendidos os que defendem a conservação, assim como aqueles que produzem energia, mineração e industrialização. Não condenamos setores”, diz.

Alteração de leis ambientais

Na semana passada, a Assembleia Legislativa aprovou por 31 votos favoráveis e 4 contra projeto de lei que altera 4 leis ambientais em Goiás. Deputados de oposição e ambientalistas avaliam que se trata de flexibilização da fiscalização ambiental no estado, por facilitar licenças que permitem maior desmatamento do Cerrado.

Durante audiência pública realizada no último dia 30 de maio, Andrea Vulcanis informou que a média de desmatamento em Goiás nos últimos 4 anos foi de 30 mil hectares (ano). Ela salientou que Goiás possui cobertura vegetal de 35%, acima do que a legislação exige para reservas naturais (20%) e áreas de proteção permanentes (25%), o que considera positivo e justificaria a nova lei.

Cobertura vegetal fragmentada

No entanto, diretora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Eliane Barbosa, salienta que a cobertura vegetal em Goiás é considerada fragmentada, o que não permite a sustentação da riqueza de fauna, flora e hídrica do Cerrado.

“Hoje conseguimos melhorar lotação bovina e produção de grãos sem desmatar nada, mas é mais barato desmatar. é mais fácil ir para a região de Cavalcante [município da região da Chapada dos Veadeiros] e desmatar, de forma legal ou ilegal, avançar em novas áreas, do que preparar e melhorar”, explicou.