120 DIAS

Polícia faz buscas na casa de vereadores suspeitos de “rachadinha” em Inhumas

São investigados Suair Teles, presidente da Câmara, e Paulo Pedrinha

Polícia faz buscas na casa de vereadores suspeitos de "rachadinha" em Inhumas (Foto: Polícia Civil)

A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra dois vereadores de Inhumas suspeitos de embolsar parte dos salários dos funcionários (esquema conhecido como ‘rachadinha’): Suair Teles, presidente da Câmara Municipal, e Paulo Pedrinha, que preside a comissão de Saúde. Além apreender documentos nos gabinetes, a polícia também foi à casa deles. O processo corre em segredo de Justiça. O Judiciário afastou os vereadores por 120 dias e autorizou a quebra de sigilos fiscal e telefônico dos investigados. A defesa de Suair e Pedrinha conversou com o Mais Goiás e disse que já trabalha no caso.

A denúncia que ensejou os mandados partiu de um ex-assessor de Pedrinha, que procurou a delegacia depois que o seu vínculo com a Câmara já havia se encerrado. Ele disse que foi obrigado pelo vereador a dividir o seu salário com outra pessoa, supostamente indicada pelo vereador. O advogado de defesa dos investigados, Jackson Vagner Nascimento de Souza, afirma que a decisão de contratar os serviços dessa outra pessoa foi do próprio assessor, que topou pagá-la com recursos próprios. Sem interferência de Pedrinha e Suair.

“Um ex-funcionário, contratado para assessorar o vereador, quando ele assumiu a comissão da Saúde da Câmara, atuou por cerca de 30 a 40 dias. Como ele não conseguiu desempenhar o papel, acabou exonerado e foi à delegacia fazer uma denúncia de suposta rachadinha”, disse Jackson. “Mas a contratação não partiu do vereador. Foi dele [do ex-assessor]”, garante.

Em relação a Suair, o advogado diz que toda contratação passa pela presidência da Câmara, pois é o presidente o ordenador de despesas. “Então, o assessor incluiu o atual presidente nessa denúncia de suposta rachadinha”.

“Mas vamos preparar, ainda hoje, um recurso para reverter essa decisão que afastou os vereadores. A gente concorda com a quebra de sigilo. Se fosse pedido, os próprios vereadores cederiam. Vamos aguardar o ofício do banco central. Mas em relação ao afastamento, não consideramos proporcional, uma vez que o inquérito dura 30 dias e pode ser prorrogado por mais 30.”

De acordo com ele, houve a denúncia ao delegado, que protocolou os pedidos à Justiça e agora vai iniciar o inquérito. “Começar a intimar as partes.”

Outra denúncia

Veículos de comunicação locais também noticiaram que o presidente responde por suposta fraude na eleição da presidência da Casa. Em relação a esta acusação, Jackson diz que é uma “surpresa”, mas que ele busca se habilitar para ter acesso às informações que estão em segredo de justiça e irá se posicionar, quando as tiver.

O Mais Goiás procurou a Polícia Civil para mais detalhes sobre o caso e sobre todas as acusações. A corporação informou que o delegado responsável pelo caso não relatou sobre a ação por se tratar de um caso que corre em segredo de justiça. O portal também procurou o titular da delegacia de Inhumas, Miguel Mota Leite Filho, mas não teve sucesso.

À Câmara, o portal pediu uma nota sobre o assunto por e-mail, mas ainda não teve retorno. Essa matéria poderá ser atualizada.

Atualização com o posicionamento da Polícia Civil

Após autorização do delegado, a Polícia Civil informou que, durante as buscas, houve apreensão de computadores, celulares, documentos e cerca de R$ 10 mil em espécie.

Sobre a “rachadinha”, a corporação informa que um dos vereadores contratou um assesso e teria exigido vantage indevida (metade do salário). Inclusive, ele teria transferido metade do salário recebido na Câmara (R$ 900) para a conta de um terceiro, sem ligação com o parlamentar.

*Atualizada às 15h34