Politicamente correto soa falso
Waldir Soares lidera as pesquisas para prefeito de Goiânia. Questionado por este jornalista sobre o…
Waldir Soares lidera as pesquisas para prefeito de Goiânia. Questionado por este jornalista sobre o uber, ele responde que e um legalista. No que este jornalista se sente no direito de dizer que o candidato é contra o serviço, uma vez que ele é irregular, é ilegal. O candidato retruca que não é bem assim, que precisa regulamentar. Conclusão: o candidato pode ter ficado mal com os taxistas, que são regularmente registrados para fazer o serviço de transporte de passageiros em veículos, ao admitir a concorrência. E pode ser ficado mal com os motoristas do uber, pois, inicialmente, tomou partido dos taxistas. O problema é que político em campanha não quer se comprometer. Fora dela, também não.
Este é um defeito da sociedade plural em que vivemos. Claro que esta mesma sociedade vem superando, a duras penas, o desafio de respeitar o direito das minorias, colocar em prática ações de inclusão e que isso é mais do que necessário nos dias atuais. Mas é uma sociedade que também se sente incapaz de impor limites e de estimular as pessoas a terem posições bem definidas. Isso vai muito além de repetir o que é aceito na opinião pública.
Waldir é um exemplo. Grande parte dos candidatos tem o mesmo comportamento. Ninguém quer se desgastar, como se diz no jargão político. O problema é que se criou uma casta e, junto com ela, um mundo bem diferente do cotidiano do cidadão comum.
Um dos desafios dos candidatos nesta eleição é propor modalidades de real participação popular. Isso quer dizer espaços onde se possa discutir problemas e encontrar soluções. A própria gestão de Paulo Garcia tem feito isso, em alguns momentos. A ciclovia da T-63 será sempre obra incompleta, pois há uma tubulação da Saneago no Parque Anhanguera e o viaduto no cruzamento da Avenida 85 que não comportam o equipamento. Para a tubulação, a solução encontrada é derrubar as muretas de proteção e construir uma plataforma por cima. No cruzamento com a 85, os ciclistas vão dividir espaço na faixa exclusiva dos ônibus. Tem tudo para não der certo. Mas foram fruto de discussões com os próprios ciclistas.
Voltando ao uber, deve-se fazer uma revisão geral dos serviços. Na França, a discussão é: quando vão acabar os taxis, já que os aplicativos dominam o mercado. Por aqui, não há nem pesquisa de satisfação para comparar taxis e uber, nem dados para achar uma solução. Quais são os carros que podem ser utilizados em cada serviço? Qual será a diferença? Quem vai recolher imposto? Quem define tarifas? Sim, porque este é um serviço público, em alguns casos literalmente explorado por força das permissões.
Discussões que devem ser travadas também com outros serviços que são de domínio do município, como o transporte coletivo, o serviço de água e esgoto e a regulamentação das feiras e do comércio de rua.
Ficar apenas no politicamente correto é adiar decisões mais profundas. Goiânia tem perdido tempo e oportunidades preciosos. Em alguns momentos, é necessário desagradar. Muito mais importante é enfrentar o debate público, claro e aberto. Somente quem tiver opinião muito bem formada sobre os temas é que vai poder comandar esse tipo de discussão. Politicamente correto, puro, soa falso.