‘Precisamos empoderar os trabalhadores’, diz Joe Biden ao lado de Lula, em cerimônia de acordo bilateral
Parceria prevê ampliar discussões sobre os direitos trabalhistas diante das transformações da economia no século XXI
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden se reuniram na tarde desta quarta-feira, em Nova York, para firmar uma coalização global coordenada pelos dois países em torno do trabalho. O objetivo é somar esforços em prol dos direitos trabalhistas diante das transformações da economia no século XXI.
Intitulado “Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras”, o acordo bilateral prevê a execução de ações conjuntas que ampliem as discussões sobre melhorias nas condições de trabalho, tendo em vista desafios globais como o avanço da inteligência artificial e as condições de trabalho via plataformas digitais.
Parceria pró-trabalhador
Em seu discurso, Biden destacou que o progresso e a resiliência da economia dependem da força de trabalho. Por isso, é necessário que os profissionais sejam empoderados com condições dignas de trabalho, e isso envolve salários mais altos e combate à discriminações, por exemplo:
— Eles (Os trabalhadores) é que vão impulsionar a transição para energia verde, que vão tornar segura a cadeia de valor. Eles que vão gerar infraestrutura para manter forte a economia. Precisamos empoderar os trabalhadores. Disso se trata essa nossa parceria. Essa ideia foi desse senhor aqui — disse Biden, em referência à Lula.
‘Novo marco na relação capital-trabalho’
Após a fala de Biden, o Lula destacou a importância da parceria do Brasil com governo norte-americano e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no mundo digitalizado, em que a inteligência artificial “fala mais poderosamente que qualquer coisa”.
O presidente destacou ainda alguns dos feitos de seu governo, como a política de valorização do salário mínimo e a abertura de uma mesa de negociação que reúne empresas e trabalhadores para regulação do trabalho por aplicativo, hoje travada entre as partes.
— Essa mesa está para construir não só uma perspectiva de emprego decente em função das plataformas que oferecem serviço precário, mas também porque queremos criar um novo marco na relação capital e trabalho do século XXI. (Uma relação) Civilizada.
O presidente do Brasil aproveitou ainda para fazer críticas ao modelo neoliberal e defendeu uma atuação forte do sindicatos como entidade representativa dos trabalhadores:
— Atendendo à fala do presidente Biden: Todas as pessoas que acreditam que sindicato fraco vai fazer com que o país ganhe mais, está enganado. Não há democracia sem sindicato forte. O sindicato é quem fala pelo trabalhador para defender seus direitos — afirmou.
Lula ressaltou ainda o desejo de tornar a transição energética uma oportunidade para reindustrialização do país, de modo a fomentar empregos de maior qualidade. E disse que Brasil e Estados Unidos estarão trabalhando nos próximos fóruns internacionais para que todos os governantes aceitem um protocolo aos moldes deste firmado entre os dois países nesta quarta-feira.
O que está previsto na parceria Brasil-EUA:
- Proteção dos direitos trabalhistas e erradicação do trabalho infantil e forçado
- Promoção do trabalho seguro, com responsabilização das empresas sobre seus investimentos na saúde dos trabalhadores
- Combate à discriminação no ambiente de trabalho
- Abordagem centrada nos trabalhadores durante a transição energética, com fortalecimento das matrizes limpas de modo a beneficiar trabalhadores que moram nas comunidades
- Uso da tecnologia e transição digital em prol do trabalho decente
— Vamos promover a tecnologia para beneficiar trabalhadores, a fim de que novas tecnologias trabalhem em torno das pessoas — afirmou o presidente dos EUA.