Prefeita de Itapirapuã lamenta escassez de mulheres negras na eleição
"Torna a política mais desigual", afirma prefeita Zélia Camelo
Uma das duas prefeitas eleitas em Goiás em 2016 que se declararam negras é Zélia Camelo, de Itapirapuã. Zélia tem 43 anos, está no segundo mandato e não disputa a reeleição.
“O fato de termos menos mulheres negras nas disputas torna a política mais desigual. Ao longo dos anos como prefeita, pude sentir na pele o quanto o machismo predomina nesse meio. E quando a mulher é negra, a desigualdade é maior ainda”, comenta.
Zélia conta que a situação é difícil até quando a mulher se propõe a atuar com o seu melhor, mostrando a sua capacidade. “Mesmo assim, acontece muito de alguns homens (geralmente esposos) colocarem as mulheres como suas sombras, tomar decisões e ocupar espaços como se tivessem sido eleitos para tal”, acrescenta a prefeita.
A outra prefeita goiana que se declarou negra é Sirleide Ramos, de Santo Antônio da Barra.
Desigualdade
A desigualdade, como expõe Zélia, ainda é grande, tanto que Goiás tem 32 prefeitas e, dessas, apenas duas são negras. Mas ela afirma não ter sido vítima de preconceito.
“Confesso que, durante meus dois mandatos, nunca sofri discriminação pelo fato de ser negra, porém entendo que a nossa sociedade tem um longo caminho a percorrer. Muitos ainda enxergam a mulher negra com pouca capacidade para cargos de chefias na política ou em outra área, mas boa para funções domésticas e afins”, conclui Zélia.
Valorização e representação
Presidente da legenda em Goiás, Alexandre Baldy destaca a importância das mulheres negras no Partido Progressistas.
“No nosso partido, elas sempre tiveram e sempre terão voz e espaço. A mulher contemporânea é profissional, mãe e esposa, e é excelente política e gestora, como a prefeita Zélia, que nos honrou com dois grandes mandatos em Itapirapuã”, frisa Baldy.