REFORMA ADMINISTRATIVA

Prefeito Rogério Cruz promoveu 65 trocas no secretariado desde o começo da gestão

Especulações indicam que número pode aumentar para 74 com nova reforma administrativa

Rogério Cruz (Foto: Prefeitura de Goiânia)

As movimentações que o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) têm feito no sentido de promover uma nova reforma administrativa de sua gestão devem fazer com que o republicano chegue a pelo menos 74 trocas no primeiro escalão do Paço Municipal, de acordo com levantamento feito pelo Mais Goiás. Até o momento, foram realizadas 65 trocas. Apenas sete titulares permanecem nos cargos nomeados desde o início da gestão.

Ao todo, 84 nomes diferentes estiveram ou estão presentes na gestão desde que Rogério Cruz assumiu definitivamente a Prefeitura de Goiânia, no dia 15 de janeiro de 2021. Vale destacar que pelo menos 14 nomes ligados ao MDB do vice-governador Daniel Vilela romperam com a gestão republicana ainda no primeiro trimestre da administração.

Pouco mais de dois anos se passaram e o chefe do executivo vê dificuldades em viabilizar sua gestão, seja administrativa ou politicamente. Uma reforma administrativa com outras 11 mudanças deve ser promovida após o feriado. Assessores diretos ao republicano tentam protegê-lo, mas as movimentações nos bastidores são percebidas. “Até que seja publicado no Diário Oficial do Município não passa de especulação”, diz um aliado ao Mais Goiás.

O próprio Rogério Cruz indicou ao portal em entrevista concedida no início de julho que mudanças pontuais deveriam ser feitas. No entanto, as contas de bastidores indicam que a interminável reforma deve chegar a 11 nomes. As justificativas são de fortalecer a gestão do republicano, tanto de forma administrativa como politicamente, já de olho nas eleições do ano que vem. 

A mesma premissa já foi apresentada em reformas anteriores. Em maio, de uma só vez, Rogério Cruz promoveu mudanças nas Secretarias de Mobilidade, Educação, Administração, além de Esportes, Ciência e Tecnologia, que tiveram digitais de membros da CEI da Comurg numa manifestação que, de acordo com especialistas, minimizou o poder de fogo do colegiado.

Rogério Cruz tentou mexer na presidência do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) e colocou a esposa do vereador Welton Lemos (Podemos) na presidência do órgão. Gizza Laurene do Carmo foi nomeada, mas sequer chegou a tomar posse.  O mesmo órgão já havia sido alvo de outras 3 mudanças ainda no começo da gestão do prefeito. Leandro Valoto, Jefferson Leite e Júnior Café estiveram à frente do cargo de presidente antes que Welmes Marques assumisse.

Mas não vai parar por aí. Os bastidores dão conta de que o prefeito Rogério Cruz encaminha a sexta mudança no Imas e conversa com vereadores do bloco Vanguarda para que a nomeação seja feita. 

Nomes que estão desde o início da gestão podem cair

Outras informações de bastidores também apontam que o secretário de Saúde, Durval Pereira, ligado ao MDB; a secretária de Políticas Públicas para Mulheres, Tatiana Lemos (PC do B), e o presidente da Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer, Valdery José da Silva (Patriota) correm risco de serem exonerados dos cargos. Todos eles foram nomeados ainda na gestão do ex-prefeito Maguito Vilela. Se caírem, restarão apenas quatro deste grupo.

Vereadores ouvidos pelo Mais Goiás demonstraram surpresa e insatisfação ao verem os nomes de Durval e Tatiana entre a lista inicial vazada. Ambos têm boa relação com os parlamentares. “Não há nenhum problema em mexer com esses cargos desde que haja diálogo prévio”, postula. “Ficamos sabendo pela imprensa e isso de certa forma nos deixou surpreso”, disse um vereador.

Valdery já é ligado à deputada federal Magda Moffato (Patriota) e pode ser remanejado para outra função. A Agência Municipal de Turismo, Eventos e Lazer é cobiçada pelo PDT, mas as conversas se enfraqueceram ao longo das últimas semanas. 

Secretários nomeados em meio a CEI da Comurg têm seus nomes colocados na berlinda

O secretário de Esportes, Danilo Viana Rabelo, ligado ao vereador e presidente do Avante em Goiás, Thialu Guiotti, além do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo César da Silva pai do vereador Paulo da Farmácia (Agir), também tiveram seus nomes colocados em xeque em uma eventual reforma administrativa. De acordo com informações de bastidores, uma troca envolvendo o primeiro já foi descartada. O segundo não tem as mesmas garantias.

O que há de em comum entre ambos? Foram nomeados em meio a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apurava irregularidades na Comurg. Guiotti foi o responsável pela relatoria dos trabalhos e Paulo Henrique era membro titular. A mudança também promoveu surpresa entre parlamentares.

Ao Mais Goiás, Paulo Henrique disse que a situação está pacificada. “Já falei com o prefeito Rogério Cruz e a situação está resolvida. Por mim, não há problema em mexer no cargo desde que a gente seja comunicado antes”, relata. 

Outro vereador destacou que a mudança promove surpresa pelo contexto colocado. “Não é nada de outro mundo essa alteração. A reforma precisa ser feita. Agora, é no mínimo estranho o prefeito fazer essa troca duas semanas após o relatório ser entregue”, destaca. “Aí fica parecendo que o prefeito agiu por conveniência e fortalece aquela narrativa que ele entregou os cargos apenas para enfraquecer a CEI”, disparou.