Primeiro debate digital voltado a governadoriáveis no estado é marcado por provocações
Com clima acalorado, o 1° Debate Digital de Governadoriáveis de Goiás foi marcado por ataques…
Com clima acalorado, o 1° Debate Digital de Governadoriáveis de Goiás foi marcado por ataques e provocações dos cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas. Com planos de governo à direita, o principal embate se deu entre os candidatos Daniel Vilela (MDB), José Eliton (PSDB) e Ronaldo Caiado (DEM), que se atacaram com objetivo de mostrar ao eleitor que suas respectivas leituras conservadoras do cenário goiano são as mais adequadas ao momento político-econômico goiano. No entanto, o tucano foi o mais criticado, já que representa um quadro o qual se prolonga há quase 20 anos no poder. Com menos intenções de votos, mas compativelmente atuantes, Kátia Maria (PT) e Wesley Garcia (PSOL) conseguiram manifestar os anseios da esquerda. Para esta dupla, o trio liberal apresenta agendas semelhantes ao do governo Temer, com “prejuízos” aos interesses de trabalhadores.Clique aqui para assistir à íntegra.
Os conflitos diretos se concentraram, principalmente, no segundo bloco, quando os participantes puderam dirigir perguntas aos oponentes. Os concorrentes do DEM, MDB e PSDB fizeram referências a alianças e práticas políticas já adotadas no estado e desferiram críticas entre si sobre a inexequibilidade ou ineficácia dos pontos propostos. Candidatos do PT e PSOL reforçaram aquilo que eles chamam de “necessidade de mudança” em Goiás, ao se referirem aos demais partidos.
O embate mais marcante foi entre Caiado e Daniel Vilela que acusaram um ao outro de alinhamento à base marconista, em tom pejorativo, estratégia que ambos têm adotado para tentar deslegitimar o discurso um do outro. Tando o democrata como o emedebista ressaltaram a necessidade de “trazer o novo” e “mudança” para o Estado, mas sempre lembrando os vínculos de cada um com a chamada “vela política” e, no caso de Caiado, com o PSDB.
Nesse contexto, o candidato do DEM afirmou que Vilela votou contra o combate à corrupção e acusou o mesmo de compor uma linha de blindagem ao governo Temer. “É importante coerência na vida. Você é muito jovem, está destruindo seu futuro. Seja um Daniel só, um do discurso e um da prática no Congresso”, sublinhou, em tom de conselho.
Em resposta, Daniel acusou o oponente de mentiroso e sugeriu uma leitura oportunista do comentário democrata. “O senhor falta com a verdade, porque até pouco tempo atrás estava me convidando para ser vice-governador e tecendo altos elogios à minha pessoa. De repetente, de uma hora para outra, eu passei a ser uma figura desqualificada na política, que tem discurso e práticas diferentes”, rebateu Daniel. Neste momento, ele arrancou risos da plateia presente.
Entorno
Weslei e Eliton também travaram discussões animadas. Ao criticar o governador por pregar, em propagandas, um Estado perfeito, principalmente no que diz respeito à Segurança Pública, o Psolista afirmou que José vive no “País das Maravilhas”. “Por isso investe tanto em propaganda. O país dele é o País das Maravilhas, Acho que ele precisa andar mais pelo Estado”. Como de praxe, o tucano respondeu com números, fazendo um balando da gestão “eficiente” do PSDB e até reconhecendo que há pontos de melhoria. No entanto, acusou Weslei de compor a base do governo federal petista nas Eras Lula e Dilma, as quais, segundo ele, causaram a crise enfrentada atualmente pelo Brasil.
Ainda sobre os “números positivos” de segurança pública apresentados por Eliton, Weslei ressaltou o “descaso” da atual gestão com esse assunto na região do Entorno do Distrito Federal. “Os índices de violência nessa região estão entre os maiores do País. É necessário ser sincero, temos que falar a verdade, governador”. Por sua vez, José ressaltou investimentos na criação de batalhões de Polícia Militar especializada para combater a criminalidade no local.
“Ataque”
Certo momento, quando Eliton respondia questão de Weslei sobre o que este considera “retirada de direitos trabalhistas”, Eliton afirmou não priorizar a condução de uma gestão elitista, momento em que alfinetou Daniel Vilela. “Eu não sou filho de ex-governador. Você nasceu em berço de ouro. Eu sou de família humilde”, reforçou, dirigindo-se ao emedebista.
Adiante, Daniel respondeu indignado. “O senhor promoveu aqui, um ataque. Dizendo que eu não tenho luz própria, que eu não tenho personalidade política”. E continuou relacionando o Tucano a Caiado. “O senhor nunca disputou uma eleição, está disputando agora pela primeira vez. O senhor virou vice-governador e está sentado na cadeira de governador, hoje, indicado pelo Caiado na época. O senhor era advogado pessoal dele, nunca tinha disputado eleição”, afirmou Daniel, completando que Eliton estaria “faltando com a verdade”.
“Novo”
A candidata pelo PT, professora Kátia Maria, tem adotado uma estratégia que se assemelha à de Weslei Garcia, do PSOL. Eles buscam distanciamento dos demais candidatos partindo da informação de que nunca estiveram à frente do Governo de Goiás e não fizeram aliança com as figuras da velha política do estado.
Ao responder a uma pergunta de Ronaldo Caiado, ela disse: “Esse debate está sendo muito rico. Característico da internet, ele toma uma outra proporção, que mostra pr’a gente que está um jogando pro outro. Na verdade, todos eles tiveram oportunidade e não fizeram [nada]. Não podem falar do passado, mas também não têm propostas para solucionar o problema de Goiás”.
Em outro momento, em resposta a Weslei Garcia, ela enfatizou o seu discurso, com base no slogan de campanha do PT no estado: “Agora chegou a hora de quem pode mudar Goiás de verdade”. “Vamos sair do blá, blá, blá e dar respostas concretas às pessoas”, completa Kátia.
CLT
Assim como José Eliton, o professor Weslei Garcia também fez referência ao fato de que Daniel é filho do ex-governador de Goiás e ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, repetindo a expressão ‘berço de ouro’. Em discussão cheia de farpas sobre direitos trabalhistas, Weslei acusou Daniel de ter votado em favor da reforma trabalhista, que segundo ele tem trazido insegurança à vida dos trabalhadores. “O senhor não consegue dizer nenhum direito trabalhista que foi retirado, isso é porque nada disso aconteceu”
O parlamentar retrucou dizendo que foi uma medida necessária, inclusive, porque os governos petistas “apoiados pelo Psol” geraram desemprego no país. Novamente com a palavra, Weslei foi enfático ao dizer que o deputado “não conhece a CLT”. “Eu acho, Daniel, que você nunca nem viu carteira assinada. Você não conhece CLT, nunca nem trabalhou, o senhor tem berço de ouro. O governo do seu pai foi um dos que causou desemprego em Goiás”.
Weslei continuou. “Foram mais de cem pontos alterados na CLT, que eu acho que o Daniel Vilela nem leu, nem conhece, nem sabe”, disse.
Debate
O primeiro bloco consistia em perguntas de representantes das entidades que organizaram o evento. A ordem de candidatos que responderam, seguidos de candidatos que comentaram as perguntas, foi definida por sorteio. No terceiro bloco, foram selecionadas perguntas dos leitores dos três veículos de comunicação. O evento teve transmissão ao-vivo e a íntegra está disponível neste portal.