PARLAMENTO

Projeto que proíbe armas em plenário divide vereadores e causa confusão na Câmara de Goiânia

"Se o problema for eu, eu deixo de levar arma. Não precisaria de projeto, podemos fazer acordo", disse Novandir ao Mais Goiás

Projeto que proíbe armas em plenário divide vereadores e causa confusão na Câmara de Goiânia (Foto: Reprodução - Youtube)

O projeto que que proíbe armas em plenário, com exceção das forças de segurança da ativa, dividiu vereadores e causou confusão na Câmara de Goiânia. Os debates tiveram início na quinta-feira (7).

Destaca-se, a proposta é do vereador Ronilson Reis (Brasil 35) e foi motivada pelo vereador Sargento Novandir, que, além de andar armado pelas dependências da Casa de Leis, também já colocou o revólver na tribuna, durante a repercussão do aumento do IPTU, quando se vestiu de palhaço e se disse enganado pela prefeitura de Goiânia.

Na semana passada, Novandir chegou a ameaçar o vereador Santana Gomes (PRTB), ao dizer que passou “anos trocando tiro com ladrão e hoje, infelizmente, eu não posso trocar tiro com quem tem o colarinho branco, se não com certeza nós dois íamos trocar. Porque nós sabemos o que o senhor é, o senhor é uma farsa”.

O texto de Ronilson, vale citar, é de 2021 e já passou na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Câmara municipal, apesar de não entrar na pauta do plenário. Ronilson, contudo, pediu inversão da pauta e o projeto foi incluído com previsão de apreciação na próxima terça (12).

Confusão no plenário

Durante os debates de quinta-feira o sargento Novandir disse que o projeto prejudicaria as forças de segurança e policiais militares que fossem homenageados na Câmara. Ele, contudo, foi rebatido por Anselmo Pereira (MDB), que lembrou que o texto prevê como exceção as forças de segurança da ativa.

Novandir chegou a dizer que deixaria a arma na gaveta do gabinete, mas Anselmo também reforçou que a matéria proíbe a permanência do equipamento nas dependências do parlamento. “A minha arma não pode ficar na gaveta, vai ficar onde? No meu carro? E se alguém roubar? Ela está segura na minha cintura”, disse Novandir.

Santana Gomes, por sua vez, declarou que a arma do vereador é a palavra. Segundo ele, Novandir está na reserva da Polícia Militar e não tem motivo para usar arma.

Mauro Rubem (PT) falou para Novandir trocar a arma por um livro. “Tem gente dizendo que tem equilíbrio, mas que já provocou cenas patéticas aqui. Como é que alguém aqui no calor do debate pode andar armado? Absurdo. Arma não é argumento. Esse mesmo vereador já falou que foi enganado no IPTU, que foi iludido. Ora, troca a arma pelo livro, pelo estudo”, disse o petista.

Vereadora pelo PSDB, Aava Santiago citou que nenhum agente já mostrou ou apontou uma arma na Câmara. Contudo, disse já ter visto o vereador fazer isso. Novandir, contudo, negou. “Nunca mostrei arma para nenhum inocente. Eu não mostro arma, não aponto arma, não ameaço ninguém.”

Defesa de Novandir

Gabriela Rodart (DC) foi uma vereadora que saiu em defesa de Novandir. Segundo ela, não é possível direcionar toda a segurança ao Estado. “A arma é o equilíbrio de força. Quer comparar com a Alego, com a Câmara Federal, aqui não tem detector de metal. A arma não é para agredir o outro, é para se defender.”

Em um aparte, Novandir disse que estão querendo desarmar o policial na Câmara e que depois irão desarmar aqueles na rua. Como já mencionado, as forças de segurança da ativa poderão manter as armas na dependência da Casa. A sessão foi encerrada sem votação, pois a discussão se alongou e faltou quórum. A primeira votação está prevista para a próxima terça-feira.

Novandir ao Mais Goiás

Ao Mais Goiás, Novandir diz que o problema do projeto é somente ele, pois o vereador Cabo Sennado e GCM Romário Policarpo também já foram armados à Casa de Leis. “Todos sabem que sou policial e que tenho condição de andar armado. Trabalhei 17 anos na polícia.”

O vereador, inclusive, se compromete a não ir mais à Câmara armado para que esse projeto não seja votado. Segundo ele, a matéria vai gerar gastos com a inclusão de detectores de metal e aumento de efetivos de segurança. “Se o problema for eu, eu deixo de levar arma. Não precisaria de projeto, podemos fazer acordo. Minha preocupação é com o gasto com dinheiro público.” Por fim, ele afirma que os vereadores favoráveis a esse projeto querem desarmar o policial na rua.