SESSÃO

“Protesto, simbolismo”, diz Santana sobre colete à prova da balas na Câmara de Goiânia

Durante sessão da Câmara de Goiânia que aprovou, em primeira votação, projeto que proíbe a…

Durante sessão da Câmara de Goiânia que aprovou, em primeira votação, projeto que proíbe a posse e porte de arma nas dependências do parlamento houve um fato inusitado. O vereador Santana Gomes (PRTB) foi à tribuna de colete à prova de balas. Ao portal, ele justificou: “Foi um protesto, um simbolismo.”

Ainda Mais Goiás, ele explicou a necessidade do ato de ir ao plenário com o colete. “Não podemos ficar submissos a esse tipo de coisa. Todos estavam com medo e hoje, com a aprovação, deu um ânimo, melhorou o clima“, declarou.

Para ele, é muito ruim ter alguém armado no plenário, além de perigoso. “Pode cair, disparar”, diz até mesmo sobre possíveis acidentes. “Então o colete é para mostrar a preocupação que temos. Se tem alguém armado, todos têm que estar de colete. Só a fala deve ser a nossa arma. Arma de fogo é perigoso, mina o processo legislativo. A arma da democracia é a fala”, reforçou e afirmou que o plenário soberano.

Vale lembrar, os debates sobre o projeto tiveram início na quinta-feira (7), mas se alongaram e a matéria não pode ser votada nesta terça. Foram 19 votos favoráveis e quatro contrários. Disseram “não” a proposta: Sargento Novandir (Avante), Gabriela Rodart (DC), Cabo Senna (Patriota) e Thialu Guiotti (Avante). Agentes de segurança da ativa são exceção ao texto.

Discurso de Santana

Em trecho do discurso no plenário, Santana afirmou que “quando votado, ninguém falou que o local onde eu deveria trabalhar, deveria usar colete a prova de balas”. Também afirmou que, no caso do texto não passar, “só tem uma alternativa, comprar um colete para cada um nessa Casa”.

E ainda: “Creio que todos os vereadores terão que usar um colete, pois o clima aqui é o pior possível. Garanto ainda que este projeto, sob nenhuma circunstância, não é contra forças policiais. Mas, sim, favorável à democracia e à liberdade de ir e vir no nosso Plenário. O Legislativo é soberano.”

Destaca-se, a proposta é do vereador Ronilson Reis (Brasil 35) e foi motivada pelo vereador Sargento Novandir, que, além de andar armado pelas dependências da Casa de Leis, também já colocou o revólver na tribuna, durante a repercussão do aumento do IPTU, quando se vestiu de palhaço e se disse enganado pela prefeitura de Goiânia.

Além disso, em passado recente, Novandir chegou a se dirigir ao vereador Santana e dizer que passou “anos trocando tiro com ladrão e hoje, infelizmente, eu não posso trocar tiro com quem tem o colarinho branco, se não com certeza nós dois íamos trocar. Porque nós sabemos o que o senhor é, o senhor é uma farsa”.

Novandir sobre o projeto

No plenário, Novandir afirmou que levaria a questão aos quartéis e instituições militares e de forças de segurança. “Se for aprovado vou apresentar um requerimento cancelando todas as homenagens que esta Casa pretende fazer aos militares. Essa proposta é uma maldade contra as forças de segurança.”

Na última semana, ao portal, ele declarou que se o problema do projeto era somente ele – pois o vereador Cabo Senna e o GCM Romário Policarpo também já foram armados à Casa de Leis, segundo o sargento – ele não iria mais armado à Casa. “Todos sabem que sou policial e que tenho condição de andar armado. Trabalhei 17 anos na polícia.”

Segundo ele, também na semana passada, a matéria vai gerar gastos com a inclusão de detectores de metal e aumento de efetivos de segurança. “Se o problema for eu, eu deixo de levar arma. Não precisaria de projeto, podemos fazer acordo. Minha preocupação é com o gasto com dinheiro público.”

Próximo passo

O projeto agora segue para a Comissão de Segurança Pública. O presidente do colegiado, Anderson Salles “Bokão”, já antecipou que apresentará uma emenda ao projeto. A ideia é alterar o art. 1º para que apenas vereadores eleitos fiquem proibidos da posse e do uso de armas no Plenário, durante sessões de homenagem a instituições de segurança. O vereador Geverson Abel (Avante) será o relator da matéria na comissão.