Próximo prefeito de Goiânia enfrentará uma Câmara maior e bancadas mais fortalecidas, avaliam especialistas
Especialistas avaliam como nova configuração de bancadas da Câmara dos Vereadores pode impactar gestão do prefeito eleito
Eleitores vão às urnas neste domingo (6/10), não apenas para definir seus próximos gestores como também seus representantes que vão ocupar cadeiras nas Câmaras Legislativas de cada município. Em Goiânia, são 37, duas a mais em relação a atual legislatura, que se encerra no final deste ano. O acréscimo é fruto de um projeto de lei que buscou readequar os espaços no legislativo junto ao novo contingente habitacional, com o Censo de 2022, apontando crescimento populacional na capital.
Mas, além de um parlamento numericamente maior, especialistas analisam mudanças na forma como as bancadas vão se comportar a partir de então, com legendas tradicionais se fortalecendo e os chamados “partidos nanicos” perdendo cada vez mais espaços. No meio disso tudo, uma nova relação com o próximo prefeito eleito deverá ser construída.
De acordo com o estrategista político Marcos Marinho, embora a configuração final das bancadas na Câmara de Goiânia seja incerta, algumas tendências já começam a se delinear. “A próxima legislatura será diferente da atual. Bancadas como PSDB e PT devem crescer, enquanto o MDB deve manter a maior bancada, mas com menos cadeiras do que esperava”, afirma. Ele ressalta que a diversidade de candidatos com potencial de voto torna a fragmentação do parlamento mais provável, exigindo habilidade política do futuro prefeito para construir uma base sólida.
A opinião é reforçada pelo cientista político Guilherme Carvalho, que vê um cenário competitivo para as legendas tradicionais e cita, como exemplo, os tucanos do PSDB. “Embora haja quem diga que a chapa do PSDB é fraca, a presença de nomes como Aava Santiago, Michel Magul, Tião Peixoto e Rodrigo Rizzo mostra que o partido pode angariar pelo menos duas cadeiras. Não se trata de uma chapa fraca, e essa estratégia de lançar ‘medalhões’ com potencial de voto deve garantir a formação de bancadas partidárias mais fortes nas principais cidades de Goiás”, analisa referindo-se ao pai do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, Bruno Peixoto (União Brasil).
Carvalho também prevê que partidos como o União Brasil devem ter um desempenho forte, enquanto o MDB deve conquistar entre cinco e seis cadeiras. “Estamos assistindo a uma lógica de fortalecimento das bancadas e redução do número de legendas representadas, o que poderá alterar a dinâmica da Câmara”, explica.
Marcos Marinho destaca um ponto crítico para o futuro prefeito: a necessidade de recalibrar a relação com a Câmara, que na gestão de Rogério Cruz (Solidariedade) foi marcada por uma “dependência” entre Executivo e Legislativo. “Rogério levou os interesses dos vereadores para dentro da estrutura da prefeitura, e isso comprometeu sua autonomia”, avalia.
De acordo com Marinho, o próximo prefeito terá a oportunidade de reequilibrar essa relação com a Câmara de Goiânia logo no início do mandato, antes que o novo parlamento se organize nos moldes da legislatura anterior. “Esse reposicionamento deve ser rápido e efetivo, ou o novo gestor poderá enfrentar dificuldades significativas ao longo de seu mandato”, alerta.
Guilherme Carvalho reforça que, com a redução do número de legendas e o fortalecimento das bancadas, o próximo prefeito precisará trabalhar com uma Câmara experiente e politicamente mais coesa. “Estamos vendo uma tendência de partidos aumentarem suas bancadas, e o futuro gestor precisará de muita habilidade política para construir alianças estratégicas”, conclui o cientista político.