Política

Racha no MBL

Fernando Holiday discorda de posicionamentos do movimento

Era questão de tempo que isso acontecesse: o MBL está em vias de rachar. Lideranças do Movimento Brasil Livre divergem explicitamente sobre que caminho tomar na eleição da Câmara dos Deputados. Além disso, não concordam sobre a possibilidade do impeachment de Jair Bolsonaro. As estrelas do MBL não se entendem. Como em todo agrupamento humano, o tempo passa e as divergências vêm.

O MBL defende a eleição de Baleia Rossi (MDB-SP) para a presidência da Câmara. Além disso, o movimento também está em campanha pelo impeachment. O vereador por São Paulo Fernando Holiday discorda desses posicionamentos. Prefere a candidatura de Marcel Van Hattem (Novo-RS) – o gaúcho acredita que ainda não há elementos que sustentem o impedimento do presidente.

O MBL ganhou destaque com as manifestações contra Dilma Roussef. Desenvolveram uma forma de comunicação eficaz nas redes sociais, contribuíram para a polarização e vulgarização do debate público, fizeram o mea-culpa em relação a isso. Alguns de seus líderes hoje são parlamentares. Pretendem se transformar em um partido político. Cresceram e apareceram. E agora os membros têm leituras distintas do cenário político.

Van Hattem já foi membro do MBL. Deve ter seus porquês para ter saído. Talvez existam chagas desse divórcio, vai saber. Holiday defende um posicionamento menos pragmático. Quer a defesa da candidatura do deputado do Novo para marcar discurso e, em caso de segundo turno, escolher o candidato que melhor represente o grupo – provavelmente caindo no colo de Baleia. Por outro lado, Renan Santos, Kim Kataguiri e Arthur do Val optam pelo pragmatismo da realpolitik – afinal, uma adesão precoce a um projeto vencedor garante benesses de maior volume aos apoiadores.

Não faço a melhor ideia de que caminho o MBL irá seguir. Não é problema meu. Eles que resolvam. O que me interessa nessa confusão é o comportamento humano. O tempo transforma pequenas fissuras que sempre existem em todo agrupamento em rachaduras que desmoronam paredes. Aconteceu com os generais na ditadura militar, com o PT, com o bolsonarismo e, agora, é a vez do MBL.

Nada de novo embaixo do sol.