Recuo na extinção do TCM é coisa de deputado sem palavra
Assembleia Legislativa não pode ser palco para deputado casuísta mudar de opinião como troca de camisa
Mudar de opinião, rever posicionamentos, perceber equívocos em falas de outrora. Considero tudo isso nobres virtudes. Coisa de gente sem apego ao equívoco. Contudo essa inconteste qualidade de caráter não significa carta branca para ninguém agir como biruta de aeroporto, mudando de posição conforme o sabor dos ventos. E agora é hora de ver quais deputados estaduais de Goiás estão flanando no ar como biruta de aeroporto e quais são realmente de posição. Veja essa história da extinção do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
O conselheiro Nilo Resende assumiu sem o menor constrangimento que pediu a aposentadoria por causa de pressão política. Ele não queria pendurar as chuteiras. Só decidiu vestir o pijama por que parte dos deputados da Assembleia Legislativa não se conformava em não indicar um nome para o tribunal nessa legislatura. O deputado Henrique Arantes coletou assinaturas e apresentou o projeto de extinção do órgão. Nilo Resende cedeu e agora os deputados estudam como encerrar o trâmite do projeto/ameaça.
Casuísmo sem medida. Oportunismo desavergonhado. Coisa de gente que não honra os votos que recebeu.
Vamos ao mérito. Eu compreendo os argumentos que defendem o TCM. Penso que o órgão presta sim um atendimento mais próximo aos municípios. Não nego esse valor. Contudo, quando olho para a realidade brasileira, vejo que a esmagadora maioria das unidades da federação centraliza esse trabalho nos tribunais de contas dos estados. Somente Pará e Bahia adotam o modelo que temos também em Goiás.
Se os outros estados conseguem funcionar bem sem um TCM, acredito que nosso Tribunal de Contas do Estado também conseguiria arcar com esse trabalho. Logo, mesmo reconhecendo valor no TCM, mas calcado no princípio da economia e da racionalidade na gestão da coisa pública, acho que o órgão deveria ser extinto.
Tudo bem se o parlamentar acha que o TCM deve permanecer. Tudo tranquilo para quem pensa o contrário. Agora, o que não dá para aceitar é quem vai de um lado para o outro. O mais puro casuísmo ralé dentro da Alego.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: reprodução / Alego