Reforma da casa do prefeito de Jataí é alvo de denúncia no MP
Um grupo composto pelo vereador Major David Pires, o comerciante Rubens Quirino e outros levou…
Um grupo composto pelo vereador Major David Pires, o comerciante Rubens Quirino e outros levou ao Ministério Público de Goiás (MPGO) um pedido de investigação contra o prefeito de Jataí, Vinícius Luz (PP). Eles querem saber de onde veio o dinheiro que o gestor utilizou para reforma da sua casa, adquirida em 2017 por um valor muito abaixo do preço avaliado – o prefeito acusa opositores de coagirem fornecedores para fazer declarações caluniosas. Nesta quarta-feira (27), a Câmara da cidade aprovou a abertura de uma CPI para investigar o caso.
Quirino explica que o grupo realizou uma investigação e verificou que a casa do prefeito valia R$ 700 mil na data da compra e foi avaliada em R$ 300 mil. “Na escritura foi pago R$ 120 mil de entrada e financiado R$ 180 mil.” Segundo ele, uma manobra para reduzir o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).
Além disso, o comerciante alega, no ano seguinte, o prefeito, que tem salário aproximado de R$ 17 mil realizou uma reforma e grande ampliação no imóvel. “Conseguimos notas do material que foi gasto. Tudo comprado em nome da esposa do chefe de gabinete (Geni Eurípedes de Souza Filho), Rogéria Furquim. Ela fazia os pagamentos em dinheiro.”
Rubens aponta que o grupo entrou em contato com várias pessoas que atuaram na reforma, a fim de obter notas. Segundo ele, para os armários da sala foram gastos R$ 29 – o Mais Goiás teve acesso a este documento, bem como da denúncia no MP, mas não o divulgará, pois foi pedido que o trabalhador fosse preservado. “R$ 14 mil adiantados pela Rogéria e depois mais R$ 15 mil pagos por Rômulo Paniago.” Este último é sócio de sócio da Empresa Distribuidora Jatahy Eireli, que mantém contratos desde 2017 com Prefeitura de Jataí. Porém, segundo Quirino, esta não possui sede – o CNPJ tem um endereço, fechado, segundo ele. “Foram pedrarias, armários e blindex, tudo pago em dinheiro.”
O comerciante declara que a empresa de Rômulo teve contratos com a prefeitura em quase meio milhão de reais em nota fiscal, mas não se sabe se o serviço e materiais foram entregues. “Então, o prefeito tem provar a origem do dinheiro [da reforma]. Nós já registramos ocorrência no MP, na corregedoria do Tribunal de Justiça e mais. Paniago e Furquim, por sua vez, registraram BO por calúnia e difamação contra nós, do grupo, mas levamos as declarações à delegacia.”
Ainda segundo Quirino, Rogéria chegou a dizer que tinha acompanhado as obras, como amiga do prefeito, por R$ 7 mil. Vinícius, porém, teria gravado um vídeo dizendo que o acompanhamento foi feito gratuitamente. “Sabemos de outras coisas, mas não temos documentos, ainda.”
CPI
A Câmara de Jataí implementou, nesta quarta-feira (27), uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a reforma e ampliação da casa do prefeito Vinícius Luz. Para tal, quatro, dos dez parlamentares, assinaram o pedido. Foram eles: Major Davi Pires (DC), Clésio Vilela (MDB), Maria Aparecida (Podemos) e Carlos Miranda (sem partido).
Por telefone, Major David confirmou as informações de Quirino. Ele acredita que a reforma do prefeito não tenha ficado em menos de R$ 300 mil. “Só a ampliação foi de cerca de 100 metros quadrados. Tudo pago em dinheiro.”
O vereador afirmou, ainda, que a empresa Rômulo tem registro de 38 atividades. “Acreditamos que existe negociação e parte do dinheiro é desviado.” Questionado sobre a denúncia feita ao MPGO há cerca de duas semanas, ele afirma que o órgão ainda está avaliando a denúncia.
Major ainda faz questão de dizer que a oposição [os quatro vereadores que assinaram a abertura da CPI] não é raivosa. “É técnica”, diz o parlamentar que é, na verdade, coronel da reserva. Neste momento ele não fala em impeachment. Porém, ele lembra que já foram feito dois pedidos que não foram para frente, no ano passado. As votações ficaram em 4 a 4 (com presidente da Casa de Leis desempatando em favor do prefeito) e depois 5 a 3.
Com a palavra, Vinícius Luz
Em um vídeo divulgado pelo prefeito para justificar as acusações, ele afirma que se tratou de uma ação baixa de poucos opositores, “tentando inventar fake news para fazer politicagem”. Segundo ele, o grupo que fez a denúncia coagiu fornecedores para que eles pudessem fazer ligações caluniosas da casa dele com a prefeitura.
Ele disse, ainda, que teve ajuda para acompanhar a obra, pois não tinha tempo. E reforçou, também, que a ajuda foi feita como amigo, sem auxílio financeiro. Confira a seguir:
Sobre essa ajuda voluntária, vale lembrar, Quirino citou acima, e foi confirmado pelo vereador Major David, que Rogéria afirmou ter recebido R$ 7 mil para acompanhar a reforma. Na ocorrência feita por ela, que o portal teve acesso, é possível verificar esta informação. Confira:
O Mais Goiás tentou contato com o prefeito pelo telefone final 3345, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria. O portal mantém o espaço aberto e esta matéria poderá ser atualizada. A expectativa é que o gestor comente sobre as denúncias e, também, sobre a relação Rogéria – o site também tenta adquirir o contato dela.
Também foi tentado contato com Distribuidora Jatahy Eirelli. Rômulo chegou a atender, mas disse que retornaria, posteriormente. O espaço segue aberto.