Política

Rixa entre Polícia Civil e Polícia Militar é completamente sem sentido

Incômodo de delegados com possibilidade de coronel da PM ser secretário de Segurança Pública mostra como as coisas estão erradas

Governador Ronaldo Caiado (DEM) durante entrega de viaturas às forças de segurança (Foto: Governo de Goiás)

O governador Ronaldo Caiado está inclinado a nomear o coronel Renato Brum da Polícia Militar para o cargo de secretário de Segurança Pública. O cargo ficou vago com a renúncia de Rodney Miranda visando a disputa eleitoral de outubro. E é óbvio que a hipótese de termos um representante da PM no cargo mais importante da pasta em Goiás gerou ciúmes na Polícia Civil. O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Goiás (Sindepol) já emitiu nota manifestando descontentamento.

É claro que isso aconteceria. E Caiado já sabia disso e deve ter feito o cálculo político desse descontentamento. Experiente como é, o governador sabe que tal escolha é mexer em caixa de marimbondos. Daqueles que ferroam com gosto.

Polícia Civil e Polícia Militar. Antes de tudo é preciso dizer o óbvio: para a população, pouco importa quem lhe presta a segurança pública. Todo mundo quer tocar a vida em paz. Criar os filhos, ir e voltar de seus afazeres diários, ter tranquilidade no seu cotidiano. Sem bandido lhe infernizando, amedrontando e aterrorizando. Militar ou civil, tanto faz. A paz do cidadão é o que interessa.

Essa divisão de caráter burocrático se perverteu no Brasil. Criou-se uma lógica de grupos rivais que não há o menor sentido. Deveríamos unificar tudo e ter uma só polícia, sem distinção entre civil e militar, deixando essas nuances para resolução interna. Mas sei que o mundo real é complexo e mexer com isso é arrumar problemas. Tendo clareza que em âmbito ideal a unificação seria o melhor caminho, reconheço a inexistência de possibilidade política para tal alteração nos dias de hoje.

Assim sendo, não dá para colocar membro nem da Polícia Civil e nem da Polícia Militar como secretário de Segurança Pública. O problema não é o coronel Brum, acredito que ele reúna as condições profissionais e morais para o exercício do cargo, a questão é política.

Só terá paz para desenvolver o trabalho que Goiás precisa o secretário oriundo de fora das estruturas das duas forças policiais. Alguém da política, das polícias de ordem federal, acadêmicos que se dedicam à Segurança… Sei lá. Bons quadros não faltam país afora.

Para evitar o ciuminho, o melhor é que Caiado mude sua escolha. Não deveria ser assim, mas é assim que é.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Governo de Goiás