‘Se eu perder houve fraude’ é fala de quem não aceita democracia, diz Barroso
Presidente do TSE criticou voto impresso e afirmou que mudança colocará segurança do sistema em risco
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, voltou a fazer críticas ao voto impresso nesta quinta-feira (29) e disse que o discurso de que “se eu perder, houve fraude, é um discurso de quem não aceita a democracia”.
Nos últimos dias, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem feito ameaças contra o processo democrático brasileiro e, sem apresentar nenhuma prova, afirmou que há fraude eleitoral no TSE.
Sem citar o presidente, Barroso afirmou que não há fraudes no processo eleitoral brasileiro desde 1996, quando as urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas.
“Em 2014, o candidato derrotado pediu a auditoria do sistema, foi feita a auditoria e o próprio partido do candidato foi convencido que não houve fraude”, lembrou, se referindo a Aécio Neves (PSDB), que perdeu as eleições daquele ano por uma diferença de cerca de 3,5 milhões de votos para Dilma Rousseff (PT).
Durante inauguração do TRE-AC (Tribunal Regional Eleitoral do Acre), Barroso também criticou a PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso, que tramita na Câmara dos Deputados. Para o presidente do TSE, a mudança, caso ocorra, “será para pior”.
Segundo ele, a impressão do voto resultará em fraudes, problemas na recontagem e colocará em risco a segurança do sistema e o sigilo do voto.
“O voto impresso não é mecanismo de auditoria do voto eletrônico pela singela razão de que o voto impresso é menos seguro do que o voto eletrônico. Você não cria um objeto de auditoria menos seguro do que o objeto que está sendo auditado”, disse.
O presidente do TSE tem sido alvo de ataques por se posicionar contra a proposta. Durante conversa com apoiadores no início deste mês, Bolsonaro chegou a chamá-lo de “idiota” e “imbecil”.
No discurso desta quinta, Barroso argumentou que “uma causa que precise de ódio, de mentira, de desinformação, de agressividade, de grosseria, não pode ser uma causa boa”.
Em outro momento, ele defendeu a democracia e disse não ser dono da verdade, mas ressaltou que “a mentira deliberada tem dono e essa precisa ser adequadamente denunciada”.