Secretário de Infraestrutura será o número 2 no Ministério da Saúde
Agora sob chefia de Marcelo Queiroga, pasta deve iniciar substituição de militares que ocupavam postos-chave
O governo nomeou nesta terça-feira (30) o engenheiro e servidor da Infraestrutura Rodrigo Otávio Moreira da Cruz como novo secretário-executivo do Ministério da Saúde. É a primeira nomeação entre os secretários na equipe do novo ministro, Marcelo Queiroga.
A escolha de Cruz, que assume como número 2 da pasta, já havia sido anunciada na última semana, mas ainda não tinha sido oficializada. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União.
A mudança indica um novo passo em um processo de troca de militares que ocupavam a Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello. Antes de Cruz, a secretaria-executiva do ministério era chefiada pelo coronel Elcio Franco, que deixou a pasta na última semana.
A nomeação também aponta um processo de aproximação da nova gestão com outras pastas do governo. Antes de assumir a Saúde, Cruz era secretário-executivo adjunto do Ministério da Infraestrutura.
A indicação de Cruz foi do ministro Tarcísio de Freitas, que já havia recomendado seu auxiliar para a equipe de transição da Saúde depois da saída de Pazuello.
A escolha tem sido apontada por fontes do governo como uma tentativa de colocar um nome com experiência em gestão pública e logística internacional na Saúde -alvo de críticas na gestão de Pazuello por erros como na distribuição de vacinas entre alguns estados, por exemplo. Também representa uma tentativa de destravar a vinda de vacinas e insumos a laboratórios nacionais.
Na Infraestrutura, Cruz ficou conhecido por ter coordenado a operação para trazer 960 toneladas de máscaras, testes e insumos da China no início da pandemia, em 44 voos realizados a partir de abril do ano passado, experiência considerada como bem-sucedida por membros do setor.
O novo secretário, no entanto, não tem formação em saúde. Engenheiro civil e ambiental pela UnB (Universidade de Brasília, 2005) e graduado em direito pelo Uniceub (Centro Universitário de Brasília, 2007), ele tem mestrado e doutorado em engenharia de transportes da UnB e é servidor de carreira da Infraestrutura.
Além da secretaria-executiva, outra substituição é esperada para os próximos dias na secretaria de atenção especializada em saúde.
Responsável pela gestão da chamada “média e alta complexidade em saúde”, área que compreende recursos e diretrizes para atendimento em hospitais, a secretaria deve ser ocupada pelo médico ortopedista Sérgio Yoshimasa Okane.
Antes, a pasta era chefiada também por um militar, o coronel Luiz Otávio Franco Duarte.
Em meio às substituições dos militares, a Folha apurou que o ministro avalia manter inicialmente secretários civis que hoje estão à frente de algumas áreas, caso da atenção primária em saúde, que é ocupada pelo médico Raphael Parente.
Queiroga já anunciou também que pretende criar uma secretaria especial de combate à pandemia da Covid-19, a qual deve funcionar 24h.
Essa é a quarta mudança na gestão do Ministério da Saúde em dois anos de governo. Antes de Queiroga, a pasta foi chefiada por Pazuello e, no início da pandemia, por Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta, que deixaram o cargo após atritos com o presidente Jair Bolsonaro.