Segundo turno para presidente deve ser entre PT e PSDB, afirma cientista político
Alberto Carlos Almeida esteve em Goiânia nesta terça-feira (26) para o lançamento do livro "O voto brasileiro"
O cientista político e pesquisador Alberto Carlos Almeida esteve em Goiânia nesta terça-feira (27) para o lançamento do livro “O voto brasileiro”. Ele afirmou que, mesmo com as incertezas que o Brasil vive atualmente, tudo aponta que o segundo turno para a presidente será entre candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
O evento ocorreu na Assembleia Legislativa de Goiás e estiveram presentes o presidente da casa, José Vitti, e o ex-presidente da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), Rafael Lousa.
O livro traz um levantamento de diversos mapas do Brasil, de estados e capitais. As cores azul e vermelha são utilizadas para demonstrar a preferência pelos dois partidos nas eleições de 1998, 2002, 2006, 2010 e 2016.
Segundo o autor, o padrão das duas eleições observadas deve se repetir esse ano. E ele usa uma analogia para se explicar: “O sistema político não é uma lancha. Numa lancha você faz a curva pequenininha. O sistema político é um petroleiro, ele demora a mudar de direção”, disse.
Mapas
Alguns dos mapas apresentados no livro trazem indicadores da economia, que demonstram que todos os níveis variaram, menos o padrão de votação do eleitor brasileiro. O foco das análises está em São Paulo e no Nordeste e ele explica o motivo: as regiões apresentam os maiores números de votos válidos no País. Em 2014, 23% foi de São Paulo; já o Nordeste representava 27%.
“Entre 2002 e 2006 foi o primeiro governo Lula. O que aconteceu nesse período? Ele tirou determinado eleitor do PT e puxou determinado eleitor do PT. E [também] colocou determinado eleitor com o PSDB”, analisa. Antes disso, os mapas apontavam que o número de eleitores do PT era maior no Nordeste e do PSDB em São Paulo.
A história se repete?
Alberto Carlos ainda observou níveis de escolaridade; valor recebido do Bolsa Família por pessoa; níveis de renda; domicílios com energia elétrica e saneamento das cidades. “A história é simples e clara. O nível educacional da população do Nordeste é bem mais baixo que da população de São Paulo. […] A tonalidade mais escura de cor revela que menos de 45% as pessoas com 25 anos de idade ou mais concluíram o ensino fundamental”, diz o texto do capítulo 3 do livro.
Questionado se a negação da importância do programa Bolsa Família por parte do PSDB – que foi seu criador – foi proposital, Alberto trouxe um dado de pesquisa realizada por ele em 2009. “Eu perguntava para as pessoas quem criou o Bolsa Família e dava os nomes dos governos: Lula e Fernando Henrique [Cardoso]. A maioria colocava Lula”.
Quando questionados o momento em que passaram a receber o benefício, a maioria dava a mesma resposta.
“Pro sujeito, ele não quer saber a data oficial de criação do programa. Para ele, o programa foi criado no dia em que recebeu primeiro. É simples. Tudo é muito simples”. E completa: “A expansão imensa do Bolsa Família no primeiro governo Lula foi muito importante para essa segmentação”.
Os pobres do nordeste vão votar no candidato do PT: sim ou não? Essa foi a pergunta que finalizou a palestra de Luís Alberto. “O livro induz a dizer que sim. Se você disser que não, vai ter que explicar porquê: o eleitorado vai ignorar o Bolsa Família, tudo o que foi feito pelo Nordeste nos governos do PT?”. A mesma pergunta se repete para a outra região analisada: “A classe média de São Paulo vai votar no candidato do PSDB? Eu tenho a impressão que sim”.