Semipresidencialismo: bola dentro ou roubada?
Somos o país das soluções nas coxas e dos posicionamentos hipócritas. O cara defende os…
Somos o país das soluções nas coxas e dos posicionamentos hipócritas. O cara defende os bons costumes, mas paga clínica clandestina para que a amante faça um aborto. O ideal seria legalizar o procedimento para que as mulheres pobres tivessem acesso ao que as ricas hoje já têm. A maconha é proibida mas você encontra em qualquer loja de conveniência todo equipamento necessário para o uso. O ideal seria a legalização com alta tributação da droga para tirar esse mercado da clandestinidade como fazem países ricos mundo afora. O semipresidencialismo entra nessa lista de soluções mal-ajambradas que tentam resolver um problema evitando o cerne da questão.
A Constituição brasileira foi pensada para um modelo parlamentarista. Logo, administrar o país sob a perspectiva presidencialista é complicadíssimo. Mas mudar um sistema de governo não é coisa simples como trocar de camiseta. E um detalhe mais que relevante: nas duas vezes em que a população foi perguntada sobre isso, o presidencialismo venceu os plebiscitos.
Outra característica dessas plagas: se os poderosos não ganham no voto, arrumam um jeito legislativo de colocar na forma que querem.
Pessoalmente, prefiro o parlamentarismo. Mas isso não me autoriza ignorar os plebiscitos de 1963 e 1993 em que minha preferência foi derrotada.
E também não acho que o parlamentaris…, ops, semipresidencialismo imunizará o Brasil de crises. Quando olho os problemas recentes, eleições consecutivas e dificuldades de montar gabinete de Israel, Itália, Espanha, Bélgica e tantos outros, sei que as turbulências serão fartas.
Além disso, figuras benquistas no Congresso se fortalecerão. A chance do primeiro-ministro ser um deputado federal é grande. Gente como Arthur Lira, Rodrigo Maia e Eduardo Cunha, só para me ater aos três mais recentes presidentes da Casa, nadariam de braçada.
Não sei se a proposta irá adiante, mas vejo chances em sua aprovação. Daqui uns anos, vamos ver o que a gente inventa para dar cabo nas novas crises que certamente encontraremos.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução / Mais Goiás