“Sempre fomos amigos e morreremos amigos”, diz Bolsonaro sobre Caiado
Presidente e governador se afastaram em março após divergência de pensamento quanto ao coronavírus e isolamento social
A ruptura do governador Ronaldo Caiado (DEM) com o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) parece ter chegado ao fim após pouco mais de dois meses de distanciamento. Eles se afastaram em março, por divergências de pensamento quanto à condução de políticas de combate ao coronavírus e isolamento social. Porém, na manhã desta sexta-feira (5), durante a inauguração do Hospital de Campanha (HCamp) de Águas Lindas, ficou clara a reaproximação de ambos. “Sempre fomos amigos e morreremos amigos”, disse Bolsonaro sobre o goiano.
Em março deste ano, Caiado chegou a dizer que conversaria com Bolsonaro apenas por comunicados oficiais. À época, ele afirmou que, como médico e governador, não podia concordar com o fato de o presidente minimizar a covid-19, que atribuiu à pandemia o status de “gripezinha”. O democrata disse, ainda, que as declarações da Presidência não alcançavam Goiás.
Agora, porém, em um discurso bem mais amigável, o político teceu elogios ao presidente. Caiado iniciou a fala agradecendo Bolsonaro pela 8ª visita oficial ao Estado. “Goiás agradece e muito o apoio que temos recebido de Vossa Excelência em 1 ano e 5 meses de mandato”, comentou.
O democrata seguiu a fala ressaltando os investimentos do Governo Federal em Goiás. Segundo ele, foram R$ 6,4 bilhões destinados às áreas da Saúde, Infraestrutura, Assistência Social e Educação. Ainda de acordo com o político, foram destinados R$ 49 milhões para ações de combate à pandemia, recurso este utilizado para construção de Hospitais de Campanha.
“Infelizmente não está tão nítido assim, mas eu queria lhe agradecer […] são situações que precisamos colocar claro para as pessoas saberem o quanto realmente o Governo está facilitando a presença dos parlamentares (federais), as ações chegando aos prefeitos, aos municípios”, disse ao elogiar o repasse de mais de R$ 1 bilhão de emendas parlamentares para Goiás.
Retribuiu elogios
Após ouvir o discurso de Caiado, Bolsonaro tomou a palavra e retribuiu os elogios. Inicialmente, o político disse que não queria falar na inauguração, mas afirmou ter se animado depois do pronunciamento do governador. “As suas palavras amáveis e verdadeiras me tocaram e permitiram que eu falasse um pouco do seu Estado e do Brasil”.
Segundo o presidente, os dois sempre foram amigos e vão morrer amigos. “Isso começou lá atrás, quando você sequer sabia que eu existia e te vi em um carro de som no Rio de Janeiro, disputando a Presidência. Confesso que você me emocionou aqui no momento e eu me identifiquei contigo”, disse.
Sobre as obras e recursos do Governo Federal aplicados em Goiás, Bolsonaro afirmou que os valores sempre pertenceram ao Estado, mas antes eram mal distribuídos. “Hoje são melhor direcionados e mais fiscalizados”, pontuou. O presidente ainda elogiou a Polícia Militar (PM) e brincou: “tenho um sobrinho que é aspirante em Goiás e espero que ele esteja se comportando, a exemplo do seu tio”, sorriu afirmando que em breve o país poderá importar armas ao uso individual sem imposto de importação.
Antifascistas
Bolsonaro aproveitou o discurso para falar sobre as manifestações previstas para os próximos dias no Brasil. “Estamos assistindo grupos de marginais, terroristas, que estão querendo se movimentar para quebrar o Brasil. Esses marginais tiveram ação em São Paulo e terroristas voltaram com ação em Curitiba e estão nos ameaçando agora”. afirmou em referência a grupos antifascistas que realizam oposição a apoiadores do governo que empunhavam bandeiras associadas ao neonazismo na europa.
O presidente pediu a Caiado para que, caso os protestos ocorram em Goiás, trate os manifestantes “com a dureza da lei que merecem”. “São marginais, terroristas, maconheiros, desocupados, que não sabem o que é Economia, o que é trabalhar para ganhar o seu pão de cada dia. Querem quebrar o Brasil em nome de uma democracia que eles nunca souberam o que é e nunca zelaram por ela”, criticou.
Por fim, Bolsonaro solicitou que apoiadores dele não compareçam às ruas nestes dias de manifestação da oposição e que as “forças de segurança façam o devido trabalho se, porventura, esses marginais extrapolarem os limites da lei”.