DEFESA

Senador defende Gayer e ataca ministro do STF: ‘escalada autoritária’

Rogério Marinho ainda minimizou as acusações contra Gayer, que classificou como "tema com baixa repercussão financeira”

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, saiu em defesa do deputado federal goiano Gustavo Gayer (PL) e atacou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira (25). O parlamentar de Goiás foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta manhã.

Segundo Marinho, trata-se de “mais uma ação nessa escalada autoritária e parcial de um ministro do STF contra um espectro político que representa grande parte da população brasileira”. O senador ainda minimizou as acusações contra Gayer, que classificou como “tema com baixa repercussão financeira”.

“Faltam menos de 48 horas para o início das eleições nos municípios que terão 2º turno. E nos parece que faltou razoabilidade, proporcionalidade e prudência na decisão que poderá contaminar o resultado eleitoral do próximo domingo”, emendou.

O parlamentar foi alvo de uma operação da Polícia Federal por supostamente liderar um grupo suspeito de desviar recursos públicos oriundos de cota parlamentar e de falsificar documentos para criação de Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O dinheiro, de acordo com as investigações, saiu da cota parlamentar, verba pública da Câmara que cada deputado tem direito para gastos com o exercício do mandato, o que inclui transporte, alimentação, aluguel de escritório político, entre outros. Segundo dados da Câmara, Gayer declarou despesas de R$ 326,4 mil desses recursos neste ano.

O relatório da PF informa que as atividades privadas eram mantidas com R$ 6 mil mensais desde fevereiro de 2023, oriundos cota parlamentar. “Dessa forma, funcionaria no ambiente a escola de inglês, o gabinete político do deputado e as atividades presenciais da empresa – sendo os dois últimos realizados pela equipe de secretários parlamentares. Os valores mensalmente pagos através de cota parlamentar variam, desde fevereiro de 2023, de R$ 6.000 a R$ 6.500”, diz a PF.

Operação

A Polícia Federal deflagrou, nesta manhã de sexta-feira, a Operação Discalculia, que teve como alvo o deputado federal Gustavo Gayer. Ao todo, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão. Na ocasião, os policiais apreenderam o celular do parlamentar. Eles também encontraram R$ 72 mil com um assessor do deputado federal.

Além disso, a PF relatou que Gayer usou recursos da Câmara dos Deputados para manter a atividade de uma escola de inglês chamada Gustavo Gayer Language e de uma loja de venda de roupas que estava no nome do filho dele, em Goiânia. 

“A autoridade policial também aponta que o espaço locado para o gabinete parlamentar do deputado, supostamente custeado com cota parlamentar, seria utilizado simultaneamente para as operações da escolas de inglês Gustavo Gayer Language Institute e para as atividades da Loja Desfazueli, o que poderia configurar, em tese, o uso inapropriado de recursos púbicos destinados ao funcionamento do gabinete político”, diz a representação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Nas redes sociais, Gayer afirmou ter sido acordado às 6h com a porta de sua casa, em Goiânia, sendo “esmurrada” pelos agentes. Ele, porém, disse não saber o motivo de ter sido alvo da operação e atribuiu a investigação a questões eleitorais. “[A operação da PF] Numa sexta-feira, a dois dias das eleições, claramente tentando prejudicar meu candidato aqui em Goiânia”, disse.

8 de janeiro

A Polícia Federal também apontou, no relatório enviado ao STF, que a investigação contra o deputado federal Gustavo Gayer começou após uma análise no celular de um assessor dele, no contexto da apuração sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro do ano anterior.

Conforme relatado pela PF, depois que foram autorizadas medidas de busca e apreensão, quebra de sigilo telemático e prisão preventiva de João Paulo de Sousa Cavalcante por seu envolvimento no financiamento, incitação e participação nos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, surgiram indícios de prática de corrupção.

Posição de Gayer

Depois de ter sido alvo de operação da Polícia Federal nesta sexta-feira, o deputado federal usou as redes sociais para se pronunciar e disse que “nunca cometeu nenhum crime”. “Eu nunca fiz nada de errado. Nunca cometi nenhum crime, mas estou sendo tratado igual um criminoso pela Polícia Federal e pelo Alexandre de Moraes [ministro]”, disse Gayer.

Sobre o dinheiro, Gayer explicou que o valor é da mãe do assessor. Uma senhora que “não confia em bancos.