CPI DA COVID

Senadores articulam convocação do ministro da Justiça para explicar críticas à comissão

Requerimento deve ser apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues e já tem o apoio do relator Renan Calheiros

Senadores da CPI da Covid articulam convocação do ministro da Justiça para explicar críticas à comissão (Foto: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília)

Integrantes da CPI da Covid se articularam nos bastidores, no último final de semana, para aprovar a convocação do ministro da Justiça, Anderson Torres, para prestar depoimento à comissão. Após declarações do ministro questionando a atuação da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), vice-presidente da comissão, vai protocolar um pedido de convocação, já com apoio de colegas.

Essa convocação aumentará a pressão da CPI contra o Palácio do Planalto, em uma semana na qual já serão ouvidos os três ex-ministros da Saúde e o atual, Marcelo Queiroga. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), já adiantou ao GLOBO ser favorável à convocação do ministro.

— Apoio e não acho que ele vai transformar a PF em Polícia política. A Polícia Federal é uma instituição respeitável, de Estado e que nunca se permitiu ser instrumentalizada — afirmou Renan.

O governo tem apenas 4 de 11 senadores aliados na CPI, o que torna difícil barrar pedidos de convocação como este. Outro crítico do governo, o senador Otto Alencar (PSD-BA) também fez críticas a Anderson Torres e disse apoiar a convocação.

— O ministro da Justiça tem que ser neutro, e ele passou a ser parte, a ser advogado de defesa do presidente da República. Nunca pensei que isso pudesse ser feito de forma tão explícita — disse Alencar.

Eduardo Braga (AM), membro da comissão e líder do MDB, defende tratar o assunto com cautela. Disse que não gostou das declarações do ministro, mas uma convocação precisa ser debatida entre os membros do colegiado.

Em entrevista à “Veja” publicada na última sexta-feira, Torres disse que vai pedir informações à Polícia Federal sobre as operações contra desvio de recursos federais nos estados e citou que é preciso “tomar cuidado” com os rumos da CPI.

Na entrevista, Torres defendeu o comportamento do presidente Bolsonaro, como a recusa do uso de máscara. Ele afirmou ainda que a CPI deve ter uma atuação mais ampla e investigar desvios nos estados e prefeituras.

— Esta não é função da CPI. A apuração de desvio de recursos deve ser feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal – disse Renan Calheiros.

Nesta semana, o colegiado vai ouvir os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. O atual ministro Marcelo Queiroga e o diretor-geral da Anvisa, Antonio Barra Torres, também serão ouvidos.