Senadores articulam convocação do ministro da Justiça para explicar críticas à comissão
Integrantes da CPI da Covid se articularam nos bastidores, no último final de semana, para…
Integrantes da CPI da Covid se articularam nos bastidores, no último final de semana, para aprovar a convocação do ministro da Justiça, Anderson Torres, para prestar depoimento à comissão. Após declarações do ministro questionando a atuação da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), vice-presidente da comissão, vai protocolar um pedido de convocação, já com apoio de colegas.
Essa convocação aumentará a pressão da CPI contra o Palácio do Planalto, em uma semana na qual já serão ouvidos os três ex-ministros da Saúde e o atual, Marcelo Queiroga. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), já adiantou ao GLOBO ser favorável à convocação do ministro.
— Apoio e não acho que ele vai transformar a PF em Polícia política. A Polícia Federal é uma instituição respeitável, de Estado e que nunca se permitiu ser instrumentalizada — afirmou Renan.
O governo tem apenas 4 de 11 senadores aliados na CPI, o que torna difícil barrar pedidos de convocação como este. Outro crítico do governo, o senador Otto Alencar (PSD-BA) também fez críticas a Anderson Torres e disse apoiar a convocação.
— O ministro da Justiça tem que ser neutro, e ele passou a ser parte, a ser advogado de defesa do presidente da República. Nunca pensei que isso pudesse ser feito de forma tão explícita — disse Alencar.
Eduardo Braga (AM), membro da comissão e líder do MDB, defende tratar o assunto com cautela. Disse que não gostou das declarações do ministro, mas uma convocação precisa ser debatida entre os membros do colegiado.
Em entrevista à “Veja” publicada na última sexta-feira, Torres disse que vai pedir informações à Polícia Federal sobre as operações contra desvio de recursos federais nos estados e citou que é preciso “tomar cuidado” com os rumos da CPI.
Na entrevista, Torres defendeu o comportamento do presidente Bolsonaro, como a recusa do uso de máscara. Ele afirmou ainda que a CPI deve ter uma atuação mais ampla e investigar desvios nos estados e prefeituras.
— Esta não é função da CPI. A apuração de desvio de recursos deve ser feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal – disse Renan Calheiros.
Nesta semana, o colegiado vai ouvir os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. O atual ministro Marcelo Queiroga e o diretor-geral da Anvisa, Antonio Barra Torres, também serão ouvidos.