Sérgio Moro está cada vez menor

Eu me lembro como se hoje fosse. Subia a Cora Coralina e parei no sinal fechado em que a avenida que cruza o Setor Sul encontra a Rua 87, ao lado da Universo. Olho em direção à Praça do Ratinho e vejo um outdoor gigante com a cara do Sérgio Moro. Pose imponente, olhar ao horizonte. Tentava emular um Clark Kent, mas não atingia seu intento. Dava pra perceber a empáfia emanando de cada poro. A frase que estampava a propaganda era “Somos todos Sérgio Moro”, se minha memória não estiver me pregando uma peça. Na hora pensei: “Não há a menor condição disso tudo aí dar certo”. Eu estava correto.

Anos depois, tudo mudou. E, para ex-juiz de Curitiba, as mudanças não foram positivas. Ele se apequenou de tal forma que sobra apenas pálida memória dos dias de glória. E os dias de luta ainda se estenderão por anos para aquele que era o big one da Lava Jato.

Edson Fachin surpreendeu a todos ontem quando julgou a incompetência de Moro para quatro processos envolvendo o ex-presidente Lula. O mais lavajista dos ministros do STF foi ousado. Tentou salvar os anéis para preservar os dedos. Ainda não sabemos se deu certo.

Gilmar Mendes decidiu pautar o julgamento de suspeição de Moro para hoje (09/03) na segunda turma do STF. Para Moro, ser considerado suspeito nos julgamentos seria infinitamente pior que incompetente, como Fachin fez ontem. Isso envolve só tecnicidades dos Direito. Já a suspeição tem um componente moral forte: o juiz agiu de forma parcial ao sentenciar um réu. Isso é muito grave.

Fachin tenta ainda dar um jeito salvar algo da moribunda Lava Jato. Solicitou ao presidente da corte Luiz Fux que traga o caso para o plenário. Vamos esperar os desdobramentos. Talvez, quando você estiver lendo esse texto, a situação já esteja em outro patamar. São os ossos do ofício de escrever enquanto os fatos ainda estão se desenrolando. É do jogo. O que não muda é o contínuo processo de deterioração da imagem de Moro. Voltar a ser o bam-bam-bam dos bons da Lava Jato dará muito trabalho ao ex-juiz, se é que isso ainda seja possível.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil